Publicações




Entrevista minha, publicada hoje no site (da Unisinos, RS) mar,  2017:

Crescimento sustentável da economia - uma impossibilidade termodinâmica como proposta de longo prazo. Entrevista especial com Clóvis Cavalcanti

http://www.ihu.unisinos.br/565722-crescimento-sustentavel-da-economia-e-impossivel-entrevista-especial-com-clovis-cavalcanti



Seminário: E agora Werner? (Brasília, 29 set 2016)
veja link com fala de Clóvis em 1h20m
https://youtu.be/gJiP7cgWI78



Artigo publicado no Mundo JOVEM jornal - hum Jornal de Ideias, Porto Alegre RS, abril 2011

Artigo meu no "Jornal do Brasil", do Rio, o melhor do país à época, em 18/3/1980. Homenagem a Sônia Freyre Pimentel e à Fundação Gilberto Freyre (Gilberto Freyre Neto).
 


































Cap Fragmentos Mata Atlântica. 1 porta Mata Atlantica Ingles

Mata Atlantica Ingles




A CONCEPÇÃO DE DESENVOLVIMENTO DO BUTÃO: UMA
APLICAÇÃO INÉDITA DOS PRINCÍPIOS DA ECONOMIA ECOLÓGICA

Clóvis Cavalcanti*

Introdução

À medida que fui me familiarizando com as ideias de desenvolvimento nacional que orientam o Reino do Butão, me dei conta de que elas constituem uma inusitada aplicação do que o campo da Economia Ecológica (EE doravante), com o qual estou envolvido há quatro décadas, concebe. Na verdade, tentar promover a felicidade humana, respeitando os limites da natureza, é em suma o que a visão ecológica da economia tem em mira, como procurarei demonstrar neste trabalho.
Meu contato com o Butão é antigo. Em 1994, em San José da Costa Rica, na III Reunião Bienal da Sociedade Internacional de Economia Ecológica (ISEE), encontrei um grupo de três autênticos participantes butaneses (tão autênticos que usavam trajes típicos), com quem conversei algumas vezes. Eu já lera sobre a visão de mundo incomum que orienta esse reino do Himalaia. Buscar a felicidade, como propunha há algum tempo o paradigma butanês, parecia-me uma proposta extraordinária. Ao mesmo tempo, o assunto da felicidade sempre foi motivo de questionamento no meu trabalho como economista. Tanto que, no dia 9 de dezembro de 1968, como paraninfo da turma de concluintes de economia da Universidade Federal de Pernambuco daquele ano, fiz um discurso cujo título era “Economia e Felicidade Humana: Ensaio de Quase Filosofia”[i]. Por outro lado, eu já escutara Nicholas Georgescu-Roegen (G-R, daqui por diante, para abreviar) falando da lei da entropia e o processo econômico, em duas palestras que proferiu para minha turma de alunos de Mário Henrique Simonsen (1935-1997) no Centro de Aperfeiçoamento de Economistas, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio, em julho de 1964. Depois, na Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo (USP), em curso de economia regional que lá fazia, ministrado por Walter Isard (1919-2010) e seu grupo da Universidade da Pennsylvania, voltei a ser brindado por palestra de G-R, em julho de 1966. Em São Paulo como no Rio, seu assunto nuclear era a visão termodinâmica do processo econômico – com destaque para a Lei da Entropia –, algo inteiramente novo para mim, que da questão nada havia aprendido, seja na FGV, seja em Yale, mais tarde, onde obtive o mestrado de economia em 1965[ii].
Minha percepção do enquadramento perfeito do paradigma de desenvolvimento do Butão no marco da EE foi inteiramente confirmada pelo admirável discurso de Jigmi Thinley, primeiro-ministro desse país, no Rio de Janeiro, no encerramento da XII Reunião Bienal da ISEE, dia 19 de junho de 2012[iii]. Ela ficou ainda mais patente no documento do governo do Butão, Wellbeing and Happiness: A New Development Paradigm. Proposal to Convene a Two-Year International Expert Working Group to Elaborate the Details of the New Paradigm, 2012-2014[iv], estabelecendo um grupo de trabalho no qual tive a honra de ser incluído, cuja tarefa, a pedido da Organização das Nações Unidas (ONU), é detalhar o modelo butanês para que ele seja avaliado pelos Estados que a compõem. E que modelo é esse? Como diz o documento: “Em contraste com o presente sistema, baseado no PIB, o novo paradigma elevará a felicidade humana e o bem-estar de todas as formas de vida”. Fará isso, “dentro dos limites planetários, sem degradação da natureza ou depleção dos preciosos recursos do mundo”. Com cuidados para que “os recursos sejam distribuídos de maneira justa e usados eficientemente”.


O paradigma de desenvolvimento do Butão

A premissa do modelo butanês é a de que os sistemas humanos não podem ser isolados do ecossistema envolvente que lhes provê o suporte de vida e os recursos de que a economia necessita para existir e funcionar, do mesmo modo que os serviços para absorção de seu lixo. O modelo tem como fim promover o que lá se denomina de Felicidade Nacional Bruta (FNB). Seguindo as regras do budismo, visa-se também o bem-estar de todos os seres sencientes. E levam-se em conta, de forma explícita, nos moldes do full-cost, todos os benefícios e custos decorrentes da atividade econômica.
Muito antes de a Economia Ecológica ter surgido formalmente, o Quarto Rei do Butão proclamou (ao ascender ao trono, muito jovem, aos 17 anos, em 1972) que “a Felicidade Nacional Bruta é mais importante do que o Produto Nacional Bruto”[v]. Com tais palavras, de modo revolucionário, ele colocou seu país em um caminho de desenvolvimento singular e holístico procurando integrar desenvolvimento socioeconômico sustentável e igualitário com conservação ambiental. Assim, toda política de peso, pouco a pouco, passou a ser levada adiante no Butão, apenas se satisfizesse o teste do indicador de FNB. Tal foi o caso quando o Butão decidiu não entrar na Organização Mundial do Comércio (OMC). A possibilidade de entrada na OMC não se ajustava às exigências do modelo, conforme se constatou.
O Novo Paradigma de Desenvolvimento (NPD) do Butão remete à compreensão das relações entre o sistema econômico e a natureza, visando alcançar a felicidade humana dentro dos limites de matéria e energia de que se dispõe – exatamente como explicado por Herman Daly em 1973[vi]. Os resultados disso são evidentes, depois de três décadas de adoção do paradigma. Oferece-se saúde e educação de modo gratuito a toda a população butanesa, 99% de cujas crianças em idade escolar frequentam escolas. A esperança de vida butanesa duplicou em 40 anos. No Butão não há outdoors que promovam um consumo tolo; a propaganda de junk food e de bebidas alcoólicas é proibida, do mesmo modo que a venda de cigarros. O país tenta implantar contas nacionais segundo o princípio do full-cost. Isso levará à adoção de políticas públicas mais consistentes na medida em que estas últimas terão base em informações mais completas e realistas, bem diferente de quando se depende apenas de grandezas proporcionadas pelo mercado, de poder sinalizador míope. O Butão visa também ser 100% orgânico em 2020. E sua Constituição aprovada em 2008 estipula que 60% do território do país seja coberto de florestas – uma área que, hoje, na realidade, é de 80%, com 52% da área do país destinada a reservas naturais[vii].


O referencial da Economia Ecológica

         Que o Butão se vale da Economia Ecológica para estruturar sua compreensão do processo econômico e formular um paradigma de desenvolvimento totalmente novo e corajoso é evidente a partir do contato com a literatura que o governo do país tem produzido sobre o assunto. Contudo, a evidência se torna eloqüente, sem margem a qualquer dúvida, quando se lê o texto do inteligente discurso que o primeiro ministro butanês, Jigmi Thinley, pronunciou no Rio de Janeiro, em 19 de junho de 2012, na sessão de encerramento da Conferência ISEE 2012 – que vi sendo pronunciado na ocasião[viii]. O pronunciamento em causa começa elogiando a concessão pela ISEE, de sua máxima láurea, o Prêmio Kenneth E. Boulding, aos pais da ferramenta da pegada ecológica, William Rees e Mathis Wackernagel, dois membros da mesma sociedade. Salienta que o propósito do galardão é recompensar aqueles que deram contribuição original e seminal para maior compreensão “das interfaces entre as dimensões sociais, ecológicas, éticas, econômicas e políticas de nosso mundo”. Para Thinley, em total sintonia com o pensamento ecológico-econômico originário, a pegada ecológica é certamente um dos instrumentos de medição e comunicação mais importantes e influentes deste século. O chefe de governo butanês foi mais além, sublinhando que o trabalho da EE deveria ser a referência primária da cúpula – a Rio+20 – que se iniciaria no dia seguinte ao de sua fala. Para ele, diante da crise planetária e da inquietação suscitada por um momento de ameaça à sobrevivência humana na Terra como agora[ix], é indispensável entender que a economia não passa de um subsistema aberto do ecossistema global, submetida aos limites que a natureza impõe. Isso exatamente é o que postula a Economia Ecológica, a partir do que foi convincentemente demonstrado por Georgescu-Roegen (1906-1994) em 1971[x]. O primeiro ministro avançou ainda mais, declarando:

Na verdade, não consigo pensar em um campo de estudo que possua maior capacidade de persuadir e adular governos para que ajam responsavelmente do que o campo próprio de vocês [Economia Ecológica], e isso é o motivo por que estou tão honrado em me achar com vocês hoje. Eu iria mais longe, a ponto de dizer que nós, políticos, não podemos agir sem vocês! O trabalho de vocês, literalmente, é o alicerce e a credibilidade sobre que necessitamos nos erguer para justificar economicamente a proteção ambiental, para demonstrar o valor inestimável de nossos escassos recursos e para focalizar os verdadeiros benefícios e custos da atividade econômica.

Já no fim do pronunciamento, mais uma vez, foi taxativo: “está claro que a economia ecológica é um fundamento central do novo paradigma de desenvolvimento de que o mundo tão urgentemente necessita e que meu país se acha agora ativamente promovendo”.
Conseqüentemente, o modelo rejeita o paradigma convencional da economia e sua proposta de crescimento infinito do sistema econômico. Isso, precisamente, foi o que Thinley expôs em New York, dia 2 de abril de 2012, durante reunião convocada pelo Butão, nas Nações Unidas, para apresentação do NPD. Suas palavras, de uma nitidez incontrastável e grande ousadia, foram: “O modelo de desenvolvimento puxado pelo PIB, que obriga a crescimento sem limites num planeta com recursos limitados, não faz mais sentido econômico. Ele é a causa de ações irresponsáveis, imorais e auto-destrutivas”[xi].
            Vale ressaltar os esclarecimentos de Thinley para a classificação impiedosa que ele fez do paradigma de veneração do PIB. O modelo é irresponsável, segundo ele – coberto de razão, acrescento – porque extraímos, produzimos, consumimos, descartamos e desperdiçamos cada vez mais, mesmo sabendo que os recursos naturais rapidamente se esgotam. É como procura mostrar, de modo sucinto, a Fig 1: extrai-se, produz-se, descarta-se, ou seja, cava-se buraco, de um lado, e cria-se um monte de detritos, de outro, depois de usados e jogados fora os recursos – o buraco e o monturo, em muitos casos, sendo eternos, irreversíveis e sem que parem de crescer. O modelo do PIB é imoral e antiético para Thinley porque, havendo consumido muito além de nosso quinhão da riqueza natural, “nossa devassidão temerária”, em meio a desigualdades excessivas, se nutre do que pertence a gerações ainda por nascer. Finalmente, o caráter autodestrutivo da fixação no PIB, ajudado pela tecnologia, está provocando o colapso de nossos sistemas de sustentação da vida. Tem sido essa precisamente a reflexão por detrás da formulação do campo de conhecimento da EE, elaborada por Georgescu-Roegen, o pioneiro e inspirador da disciplina, por seu orientado do Ph.D, Herman Daly, por Martínez Alier, Malte Faber, Robert Costanza, Cutler Cleveland, John Proops[xii].
                                                                                     

Figura 1 – Modelo extrair-produzir-descartar
            Ao dizer-se devedor da EE, em seu discurso do Rio, Thinley não menciona G-R. Mas certamente está nele respaldado e ainda na introdução de Daly ao livro por este organizado em 1980[xiii] (o qual amplia seu outro, Toward a Steady-Sate Economy, de 1973[xiv]). Na introdução à economia do steady-state, Daly esclarece que, “No sentido mais amplo, o problema econômico derradeiro da humanidade é usar os meios últimos a serviço do Último Fim”. Ele sai das limitações do modelo econômico que define a ciência da economia como alocação de meios (intermediários[xv]) escassos para fins (instrumentais[xvi]) múltiplos, introduzindo a dimensão negligenciada pelos devotos do PIB, dos últimos fins (o sentido e gozo da vida, a felicidade humana) e dos meios primordiais (matéria e energia, de que se constitui tudo o que há no universo). O modelo de Daly, por mim adaptado, é exibido na Fig. 2.
No gráfico, como explica Daly[xvii], ocupando o retângulo pequeno mais alto (topo do espectro), localiza-se o Fim Último (aquilo que é intrinsicamente bom e não deriva sua desejabilidade de qualquer relação instrumental quanto a um bem superior). No retângulo pequeno mais baixo do espectro, a base, encontram-se os meios últimos ou meios fundamentais, “as coisas úteis do mundo, matéria-energia de baixa entropia”. Ao longo do grande retângulo, as categorias intermediárias são um fim com relação a categorias de baixo e um meio com respeito a categorias acima (subindo-se no retângulo maior, caminha-se para o Fim Último; descendo-se, para os meios fundamentais). Os fins intermediários abaixo do Fim Último formam uma hierarquia de fins intermediários que são meios a serviço do Fim Último. Por cima dos meios últimos encontram-se meios intermediários (estoques físicos) que podem ser percebidos como fins diretamente atendidos através dos meios fundamentais. O transumo de matéria-energia ou, no original inglês, throughput[xviii], consiste precisamente, como a EE o demonstra, no deslocamento de recursos através de várias etapas do estágio de baixa entropia para o de alta entropia. As disciplinas científicas que cuidam de cada estágio do espectro estão relacionadas à direita do retângulo grande. Nessa constelação, a ciência econômica standard ou convencional ocupa uma posição mediana: não está diretamente ligada a extremos ou absolutos do espectro; eles se posicionam bem acima ou bem abaixo dela. A ligação da atividade da economia é com meios e fins intermédios. Dessa forma, sugere Daly[xix], a economia “falsamente supôs que pluralidades, relatividades e substituibilidades intermediárias entre fins concorrentes e meios escassos representassem o espectro inteiro”. Segundo ele, limites absolutos não figuram no paradigma dos economistas porque absolutos são encontrados somente no confronto com os polos últimos do espectro. Ademais, a economia-ciência convencional não questiona a natureza de meios e fins, daí não cuidando de verificar os limites tanto do possível (questão de que a Física trata) quanto do desejável (que recai no campo da Ética, da Religião, da Metafísica).


Descrição: C:\Users\Clóvis Cavalcanti\Documents\Arquivos 2013\Gráficos 2 BUTÃO.jpg
                  
Figura 2 – Espectro de meios fundamentais e fins últimos (Daly, 1980)


Termodinâmica, felicidade e gozo da vida

Ao enunciar que a economia não passa de um subsistema aberto do ecossistema global (o qual é termodinamicamente fechado), submetida, aquela, pois, a limites ditados pela natureza, o primeiro ministro butanês, em seu discurso do Rio, ecoou o pensamento tanto do pai da Economia Ecológica, G-R, quanto dos que, como eu, o acompanham. De fato, como é por G-R explicado de forma rigorosa, o que os economistas convencionais concebem é que o sistema econômico é um sistema isolado, auto-contido e a-histórico – configurado por um fluxo circular entre produção e consumo, sem entradas e sem saídas no sistema, conforme se expõe em qualquer livro-texto com o gráfico do “fluxo circular da riqueza”[xx]. A ciência da economia não oferece qualquer sinal de reconhecimento do papel dos recursos naturais no processo econômico, sublinha G-R, que conclui:

Se a economia considerasse a natureza entrópica do processo econômico, poderia ter sido capaz de alertar seus companheiros de trabalhado no aprimoramento da humanidade – as ciências tecnológicas – de que “maiores e melhores” máquinas de lavar, automóveis e superjatos conduzem necessariamente a “maior e melhor” poluição.[xxi]

Nesse sentido, o modelo da FNB e NPD, de um lado, e a EE, de outro, convergem na crítica dura à economia convencional. Crítica acentuada por G-R ao mostrar que o modelo convencional ignora as leis da termodinâmica, as quais definem todos os processos de transformação energética do universo. É aqui que G-R ressalta que, em essência, e do ponto de vista material, o processo econômico consiste na transformação de matéria e energia de baixa entropia em matéria e energia de alta entropia, ou seja, transformação de riqueza em waste (lixo)[xxii]. Resulta daí que, quanto mais rápido for o processo econômico, tanto mais depressa sujeira se acumulará[xxiii]. No entanto, ressalva o fundador da EE – que Martínez Alier classifica como o principal expoente da crítica ecológica da economia[xxiv] –, “seria extremamente absurdo pensar que o processo econômico só exista para produzir lixo”. Sua ressalva, que ele diz irrefutável, “é de que o produto verdadeiro desse processo é um fluxo imaterial, de gozo da vida”[xxv]. Sem introduzir em nosso “armamentarium” o conceito de “enjoyment of life”, que não possui dimensão física e, portanto, pode crescer sem limites, no entender de G-R, não estaríamos no mundo econômico. É o gozo da vida ou a alegria de viver que representa a diferença entre o processo econômico “e a marcha entrópica do ambiente material”[xxvi], explicada pela termodinâmica. Assim, G-R propõe a hipótese de que tudo o que sustenta o “life enjoyment”, direta ou indiretamente, pertence à categoria de valor econômico[xxvii].
Aproveita para enfatizar que essa categoria “não é passível de mensuração no estrito sentido do termo”[xxviii]. No raciocínio de G-R, com efeito, como ele explica, a intensidade do fluxo do gozo da vida em um instante do tempo não parece que seja uma entidade mensurável, “nem mesmo no sentido ordinal”[xxix]. Tal declaração equivale à não aceitação do princípio da maximização do gozo da vida ou, o que seria o mesmo, da maximização da felicidade: haveria sempre a possibilidade de se ultrapassar o último degrau alcançado. Crescimento perene, sustentável, pois, ad infinitum, cabe nessa dimensão – mas apenas nela, por sua imaterialidade. Um ponto de interesse do raciocínio de G-R e que serve para a compreensão do enquadramento da FNB na moldura da EE diz respeito ao que G-R chama de “aritmomania”[xxx]: o fato de a complexa noção de desenvolvimento econômico ter sido reduzida a um número, o PIB – ou renda – per capita. Como lembra, “nos últimos duzentos anos, voltamos todos os nossos esforços para entronizar uma superstição tão perigosa quanto o animismo de antigamente: a do “Onipotente Conceito Aritmomórfico”[xxxi].


Especificidades do paradigma butanês

            Uma ideia que, compreensivelmente, tem recebido mais atenção nas discussões da EE consiste em mostrar que a realidade de “mundo cheio” de 2013 (um planeta de 7,2 bilhões de pessoas e PIB global de 72 trilhões de dólares) contrasta intensamente com a de “mundo vazio” de, por exemplo, 1900, quando havia 1,5 bilhão de habitantes e PIB de 1,5-2 trilhões de dólares no planeta. Esse intenso contraste seria razão suficiente para justificar a relevância da visão de mundo proposta pela EE, a qual leva em conta os limites inflexíveis da natureza, recusando-se, em contrapartida, a da economia standard, que os ignora completamente. Faria muito mais sentido, na verdade, raciocinar agora com a “economia da espaçonave” do que com a economia do “caubói”, da sugestiva dicotomia criada por Kenneth Boulding (1910-1993)[xxxii]. Está em jogo, no caso, a questão relativa à escala do sistema econômico que cabe no ecossistema que o contém – algo como saber quantas pessoas podem voar seguras num avião A-320 – 200 ou 1.200? Não é qualquer escala que serve. Com esse pano de fundo, Robert Costanza e colaboradores escreveram relatório preciso para a ONU na antecipação da Rio+20, o qual adaptaram para o informe State of the World 2013, do Worldwatch Institute, deste ano[xxxiii]. No estudo, explicam como fica a realidade do desenvolvimento no quadro do que chamam de “economia-na-sociedade-na-natureza”. Trabalho de um colaborador de Costanza, Joshua Farley, apresentado na ISEE 2012 (“Human Behavior, Economic Institutions and the Challenges of a Full World”), insere-se no mesmo marco.
Contudo, não é isso o que parece estar nas origens da EE. G-R simplesmente explicava que a economia é regida, como tudo o mais no meio físico, sem exceção, pelas leis da termodinâmica – e ponto. O modelo do Butão tem apoio no mesmo raciocínio. Dele, é possível dizer-se que segue bem mais um padrão de “mundo cheio”, apesar de que a condição do país o enquadre melhor na de “mundo vazio” (no país vivem 19 hab/km2 – contra 142 na China e 21 no Brasil). Tão vazio que não possui um só semáforo. O discurso de Jigmi Thinley na ISEE 2012 tende a demonstrá-lo:

Eu uso regularmente os resultados da Pegada [Ecológica] nos meus próprios pronunciamentos e, na verdade, apóio-me nessa informação para entender e comunicar o impacto devastador dos atuais padrões de consumo sobre os limitados recursos do mundo, e para solicitar políticas mais sustentáveis... [A Pegada Ecológica nos proporciona] ter noção do valor de cada recurso que consumimos e de cada nuança de nossos comportamentos e estilos de vida.

Essa consciência de limites, à la G-R, se estende a todo o discurso. Nele, o governante butanês reforça a necessidade de se desmantelar o consumo excessivo; de se banir a publicidade dirigida a crianças; de se eliminarem subsídios que levam a maior uso de combustíveis fósseis. Pede que se elimine qualquer ajuda via deduções de impostos à promoção de negócios. Advoga a reforma tributária que penaliza a poluição, coíbe as emissões de carbono e a depleção de recursos e do capital natural. Tudo exatamente como G-R o veria; como Daly sempre propôs; como Costanza et al. expõem agora[xxxiv]. Essa é a ortodoxia primordial da EE, que independe de mundo vazio ou mundo cheio.
O NPD butanês, assim, tem tudo a ver com o modelo de G-R. Ademais, não se trata propriamente, como indicou Eric Zencey[xxxv], de se contemplar o potencial de uma união entre a FNB e a Economia Ecológica. A EE esteve desde sempre no âmago do Novo Paradigma de Desenvolvimento, do Butão. Faz parte intrínseca dele. A parceria, consciente ou não, com o NPD sempre existiu. Não obstante – e isso deve ser ressaltado –, o Reino do Butão, seguindo as tradições do budismo que lhe dão forma, de modo natural oferece um paradigma de desenvolvimento que não faz esforço algum para representar adesão a uma versão ocidentalizada da crítica ecológica da economia que a EE significa. Ele tem, de fato, suas especificidades – que não são banais. Da especificidade do budismo, convém lembrar, se extrai a noção de que a essência da civilização não está na multiplicação de desejos, mas na purificação do caráter humano, como lembra Shcumacher[xxxvi]. E o Butão é um país budista, conforme está inscrito (artigo 3.º) na Constituição do Reino, de 2008 (ela aceita também a prática de outras religiões). O budismo não compartilha um critério de sucesso da moderna economia como o ditado pela quantidade de coisas produzidas – o PIB[xxxvii] – que, de seu ponto de vista, significa considerar os bens como algo mais importante que as pessoas e todos os seres sencientes. Uma ciência budista da economia, por sua vez, visaria o estudo sistemático “de como se atingir dados fins com mínimo de meios”[xxxviii]. Em outras palavras: máximo de bem-estar com mínimo de consumo. Isso remete à questão do prazer da vida, da felicidade, um assunto de que G-R tratou também quando aludiu, por exemplo, ao valor do consumo para o “enjoyment of life[xxxix].
O que, no fundo, tem a ver com a felicidade, ou seja, com o sentido do NPD. Na perspectiva da Economia Ecológica, explicam Costanza et al.: “Quando o PIB aumenta mais depressa do que a satisfação da vida, a eficiência cai. O fim da economia ecológica deveria ser minimizar o PIB, sob a condição de se manter uma alta e sustentável qualidade de vida”[xl]. Para o budismo, não se trata de evitar a queda da eficiência em si, mas de se levar a pessoa a um despertar espiritual intenso, à purificação de seu caráter. A discussão sobre o tema é ampla. Proporciona pensar na natureza do Fim Derradeiro, em que consiste realmente. São Tomás o tratava como o summum bonum – o bem supremo. No hinduísmo, para expressá-lo, concebe-se o nirvana (um termo budista); no zen-budismo, o satori. Talvez por brincadeira, talvez por súbita inspiração, o Quarto Rei do Butão saiu-se com a expressão Felicidade Nacional Bruta (abreviadamente, GNH, do inglês Gross National Happiness). Ele já tinha falado na felicidade como propósito, em lugar do PIB (aos 17 anos, quando assumiu o trono na morte do pai, em 1972), quando, em Mumbai, em 1979, voltando de uma conferência em Havana, de países não-alinhados, foi abordado por um repórter que, talvez maldosamente perguntou: “Qual a importância do PIB do Butão?” O rei respondeu: “Não acresditamos no produto nacional bruto porque a felicidade nacional bruta é mais importante”[xli].
Ora, G-R já tinha afirmado que “é tão absurdo pensar em um indivíduo que prefira ser menos feliz quanto imaginar um quadrângulo com cinco lados”[xlii]. Porém, a seu ver, a economia convencional não está preocupada com seres humanos e “tira especial orgulho de um mundo sem gente”[xliii]. Não cabe nela a dimensão qualitativa do sumo bem. Na linha de G-R, para seus seguidores, como qualquer outra coisa, o crescimento, mesmo assegurado do prisma biofísico, só faz sentido se estiver de acordo com orientações ditadas por uma base moral. Schumacher é feliz a esse propósito quando acrescenta: “O que interessa…não é nossa competência técnica, e sim nosso sistema de valores e os fins e objetos que estamos perseguindo”[xliv]. Procurar a felicidade, não um conceito mentiroso como o do PIB, faz parte da natureza do ser humano. É assim desde Aristóteles e o cristianismo autêntico, que formulam um conceito de riqueza como meio para fim elevado[xlv]. Entre os indígenas brasileiros não parecia ser diferente[xlvi].
Assim, faz todo sentido saber que a meta última que norteia as mudanças sociais, econômicas e políticas no Butão é a Felicidade Interna Bruta. Foi isso o que afirmou o Quarto Rei, ao proclamar que uma economia baseada na FNB significa a criação de uma sociedade iluminada, na qual a felicidade e o bem-estar de todas as pessoas e de todos os seres sencientes é o propósito último da governança[xlvii]. Essas ideias revelam a forte dimensão da espiritualidade no paradigma concebido pelo Butão. No âmbito da FNB, ela está participa intrinsecamente da concepção de desenvolvimento. Como sublinha Karma Ura, “Se o crescimento material solapar o arcabouço espiritual da sociedade e seus valores de compaixão e integridade, então não terá havido desenvolvimento”. Todas essas coisas dizem respeito ao fato de que se tem um propósito na vida muito além do material e que a linguagem da sabedoria espiritual deve orientar todas as escolhas do progresso desejado. Felicidade, sociedade iluminada, todos os seres sencientes (que, no budismo, são considerados “pequenos Budas”), sabedorial espiritual e mais outros elementos do NPD do Butão fazem dele uma versão do modelo da EE que vai bem mais além do componente biofísico. É Economia Ecológica – e muito mais.




* Presidente de Honra, Sociedade Brasileira de Economia Ecológica (EcoEco). Professor aposentado, UFPE, e pesquisador sênior, Fundação Joaquim Nabuco, Recife, Brasil. E-mail: .
[i] O discurso nunca foi publicado, mas além de eu guardá-lo em forma datilografada, dois de meus alunos de 1968, Marcos Formiga e Jorge Jatobá, dispõem do texto original.
[ii] Convivi ainda com G-R na Universidade de Vanderbilt (jan.-mar. 1970), onde eu era visiting scholar. Fui seu vizinho de sala no Departamento de Economia. Conversávamos quase diariamente. Ele me convidou a sua casa para jantar, uma vez. Em julho de 1973, traduzi uma conferência sua no Conselho de Desenvolvimento de Pernambuco (Condepe), no Recife, na presença dos diretores Everardo Maciel e Olímpio Galvão, do órgão.
[iii] Jigmi Y. Thinley, Statement at the Closing Session of the 2012 Conference of the International Society for Ecological Economics. Rio: Hotel Guanabara Palace, 19 de junho de 2012. Disponível em: http://www.footprintnetwork.org/images/article_uploads/Bhutan_Prime_Minister_Congratulates.pdf.
[iv] Disponível em: http://www.sustainable.unimelb.edu.au/files/mssi/Bhutan_Proposal-International-Expert-Working-Group_2012-14.pdf. Meu nome aparece na p. 34.
[v] Apud Karma Ura et. al., A Short Guide to Gross National Happiness Index. Thimphu: The Centre for Bhutan Studies, 2012, p.6. Disponível em: http://www.ophi.org.uk/wp-content/uploads/Ura-et-al-Bhutan-Happiness-Chapter.pdf.
[vi] Herman Daly, Introductory Essay. In: Herman Daly (org.), Toward a Steady-State Economy. San Francisco: W. H. Freeman Co., 1973, p.8.
[vii] Dados completos sobre a realidade butanesa estão no site: http://www.bhutanstudies.org.bt/.
[viii] Thinley, op. cit.
[ix] Ver, a respeito, Paul e Anne Ehrlich. Can a Collapse of Global Civilization Be Avoided? Proc. R. Soc. B (Biological Sciences),  2013, 280, 20122845. Disponível em rspb.royalsocietypublishing.org.
[x] Nicholas Georgescu-Roegen. The Entropy Law and the Economic Process. Cambridge, Mass., EUA: Harvard University Press, 1971.
[xi] Jigmi Thinley, Discurso na reunião sobre “Bem-estar e Felicidade: Definindo um Novo Paradigma”, New York, ONU, 2.4.2012. Disponível em http://www.cabinet.gov.bt/?p=737.
[xii] Ver: G-R, cit. Daly, cit. Joan Martínez Alier e Klaus Schluepmann, La Ecología y la Economía. México: Fondo de Cultura Económica, 1991. Malte Faber, Reiner Manstetten e John Proops, Ecological Economics: Concepts and Methods. Cheltenham, UK: Elgar. Robert Costanza (org.), Ecological Economics: The Science and Management of Sustainability. New York: Columbia U. Press, 1991. Cutler Cleveland e Mathias Ruth, Capital Humano, Capital Natural e Limites Biofísicos no Processo Econômico. In: Clóvis Cavalcanti (org.), Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Políticas Públicas. São Paulo: Cortez Editora, 1996, p. 131-164.
[xiii] Herman Daly, Introduction to the Steady-State Economy. In Herman Daly (org.), Economics, Ecology, Ethics: Essays Toward a Steady-State Economy. New York e San Francisco: WH Freeman and Company, 1980, pp. 1-37. 
[xiv] Cit.
[xv] Capital, terra, trabalho.
[xvi] Alimentação, vestuário, abrigo, etc.
[xvii] Daly, 1980, p. 8-10.
[xviii] Também definido como fluxo metabólico, o transumo representa a passagem de matéria e energia de baixa entropia por dentro do sistema econômico, de que resultam, no fim da linha, matéria e energia de alta entropia, degradadas, lixo (a Fig. 1 ilustra o processo).
[xix] Id., p. 10.
[xx] Id., p. 2.
[xxi] Id., p. 19.
[xxii] Id., p. 18.
[xxiii] Id., p. 318.
[xxiv] Joan Martínez Alier. De la Economía Ecológica al Ecologismo Popular. Barcelona: Icaria Editorial, 1995, 3.ª ed. (a 1.ª ed. é de 1992), p. 27.
[xxv] Cit., p. 18. Id., p. 282.
[xxvi] Id, p. 282.
[xxvii] Id., p. 287.
[xxix] Id., p. 284.
[xxx] Id., p. 52.
[xxxi] Id., p. 79.
[xxxii] Kenneth Boulding. The Economics of the Coming Spaceship Earth. In: H. Jarrett (org.), Environmental Quality in a Growing EconomyBaltimore: Resources for the Future/Johns Hopkins University Press, 1966, pp. 3-14.
[xxxiii] Robert Costanza, Gar Alperovitz, Herman Daly, Joshua Farley, Carol Franco, Tim Jackson, Ida Kubiszewski, Juliet Schor e Peter Victor. Building a Sustainable and Desirable Economy-in-Society-in-Nature. Worldwatch Institute, State of the World 2013. Is Sustainability Still Possible?. Washington, D.C., cap. 11, a sair.
[xxxiv] Id.
[xxxv] Eric Zencey. The Partnership of GNH and Ecological Economics. Thimphu, Butão, 5.2.2013, comunicação ao membros do International Expert Working Group do Butão.
[xxxvi] E.  F. Schumacher. Budhist Economics. Resurgence, v. 1, n. 11, jan.-fev. 1968. In: Herman Daly (org.), Economics, Ecology, Ethics: Essays Toward a Steady-State Economy. New York e San Francisco: WH Freeman and Company, 1980, p. 140.
[xxxvii] Como bem exprimiu Daly, Introduction, cit., p. 10: “The growth economists’ vision is one of continuous growth in intermediate means (unconstrained by any scarcity of ultimate means) in order to satisfy ever more intermediate ends (unsconstrained by any impositions from the Ultimate End). Infinite means plus infinite ends equals growth forever”. A fantasia moderna!
[xxxviii] Id., p. 143.
[xxxix] Op. cit., p. 35.
[xl] Op. cit., p. 14.
[xli] Ver: http://asiancorrespondent.com/107269/bhutan-becomes-happiness-lab-for-western-economists/. Ver também Ura et al., op. cit., p. 6.
[xlii] Op. cit., p. 323.
[xliii]Id. , p. 343. Na suas palavras em inglês: “a man-less picture”.
[xliv]E.  F. Schumacher. The Age of Plenty: A Christian View. Panfleto, Edinburgo: Saint Andrew Press, 1974. In: Herman Daly (org.), Economics, Ecology, Ethics: Essays Toward a Steady-State Economy. New York e San Francisco: WH Freeman and Company, 1980, p. 131.
[xlv] Robert Skidelski e Edward Skidelski. How Much is Enough? The Love of Money, and the Case for the Good Life. Londres: Penguin Books, 2012, p. 12
[xlvi] Clóvis Cavalcanti. Economic Thinking, Traditional Ecological Knowledge and Ethnoeconomics. Current Sociology, v. 50, n. 1, jan. 2002, pp. 39-55.
[xlvii] Dasho Karma Ura. Gross National Happiness and Buddhism. Disponível em: http://www.kosei-shuppan.co.jp/english/text/mag/2007/07_101112_10.html

 -----------------------------------------------------------------------------------------------------------

BHUTAN’S DEVELOPMENT CONCEPTION: AN UNCOMMON
APPLICATION OF THE PRINCIPLES OF ECOLOGICAL ECONOMICS

Clóvis Cavalcanti
Honorary President, Brazilian Society for  Ecological Economics (EcoEco); professor Federal University of Pernambuco; senior researcher, Fundação Joaquim Nabuco Recife, Brazil.
clovati@fundaj.gov.br


Without copying any system elsewhere in the world, Bhutan’s development ideas constitute an uncommon application of Ecological Economics. They also show original features, proper to a non-westernized society. The purpose of Bhutan’s model, which refuses to bow down to the worldwide importance given GDP, is to promote human happiness and the wellbeing of all life forms. It aims at doing that within the limits of the planet, without degrading nature or depleting the world’s valuable resources, and with a view to a fair distribution and efficient use of resources. Bhutan’s development conception came about in 1972. It was proposed by the Fourth King when he ascended the throne. The Bhutanese prime minister laid it bare in a talk he gave in Rio on June 19th 2012. It is well explained in the rich bibliography available on the web, as well as in the document from Bhutan’s government setting up a working group (in which I am included), requested by the UN, to elaborate the details of its proposal. Bhutan’s is a very interesting case of Ecological Economics in practice. It represents a basis for the country’s national project, which is also framed by the spiritual dimension of Buddhism, an aspect that has been decisive in shaping its unique characteristics.


Introduction

As I was becoming acquainted with the ideas of national development that guide the Kingdom of Bhutan, I realized that they constitute an uncommon application of the principles and methods of Ecological Economics (EE, henceforth) with which I have been involved for over three decades. It must be stressed that this application does not copy any “model”, having original features, proper to a non-western, non-westernized society. To try to promote human happiness and the wellbeing of all life on earth, based on a healthy balance among thriving natural, human, social, cultural, and built assets, and recognizing ecological sustainability and the fair distribution and efficient use of resources as key conditions for the new model, is all that the ecological vision of the economy aims at, as I seek to demonstrate in this paper.  
My contact with Bhutan started long ago. In 1994, in San José, Costa Rica, during the III Biennial Meeting of the International Society for Ecological Economics (ISEE), I met three authentic Bhutanese participants (I say authentic since in San José they were wearing typical clothes) with whom I talked a few times. I had already read about the rare economic worldview that drives this Himalayan kingdom. The pursuit of happiness, a basic ingredient of the paradigm that was being proposed for its inhabitants, seemed to me an extraordinary idea. At the same time, the happiness topic had always been an object of inquiry running parallel to my work as an economist. So much so that, on December 9th 1968, as the keynote speaker of the graduating ceremony of the students of economics of the Federal University of Pernambuco, in Recife, I titled the speech I gave “Economics and Human Happiness: A Quasi-Philosophical Essay”[1]. On the other hand, I had already heard Nicholas Georgescu-Roegen (G-R, from now on for short) speaking on the entropy law and the economic process. It was in two lectures he proffered to my class of students of the Graduate Center for Economics at the Getúlio Vargas Foundation in Rio, in July 1964, where we were studying neoclassical theory with a brilliant mathematical economist, the late Mário Henrique Simonsen (1935-1997). Afterwards, in July 1966, I again saw G-R speaking, during a course on regional economics I was taking at the School of Economics of the University of São Paulo, conducted by Walter Isard (1919-2010) and his group from the University of Pennsylvania (G-R came to give a talk). In São Paulo as in Rio, G-R’s core subject was the thermodynamic view of the economic process – with emphasis on the Entropy Law –, something entirely new to me. Neither had I learned anything about it at Vargas Foundation nor, later, at Yale, where I got my master’s degree in economics in 1965[2].
My perception of the perfect correspondence of Bhutan’s development paradigm with the framework of EE was wholly confirmed by the admirable speech of Jigmi Thinley, the country’s prime minister, in Rio de Janeiro at the closure of the 12th Biennial Meeting of ISEE, on June 19th 2012[3]. It became even more evident in the document from Bhutan’s government Wellbeing and Happiness: A New Development Paradigm. Proposal to Convene a Two-Year International Expert Working Group to Elaborate the Details of the New Paradigm, 2012-2014, convening a working group in which I had the honor to be included[4] (a condition which made it possible for me to spend ten extremely profitable days in Bhutan in Jan.-Feb. 2013). The working group’s task, according to a request from the UN, is to elaborate the details of the new development paradigm, so that it can be appreciated by the UN’s member states. And what paradigm is this? As the document says, “In sharp contrast to the present GDP-based system, the new paradigm will enhance human happiness and the wellbeing of all life”. It must do this “within planetary boundaries, without degrading nature or depleting the world’s precious resources”. And, at the same time, taking care that natural resources “be distributed fairly and used efficiently”.


Bhutan’ paradigm of development

The premise of the model is that it is absurd to isolate economic systems from the encompassing ecosystem that provides the life support and resources the economy needs to survive and function, and which absorbs its wastes. The purpose of the model is to promote what is called in Bhutan “Gross National Happiness” (GNH). Following the rules of Buddhism, the wellbeing of all sentient beings is also to be nurtured. The model envisages that all this is to be done within the scope of economics’ full-cost principle, taking into account explicitly the complete set of benefits and costs resulting from economic activity.
Much before Ecological Economics had formally appeared, the Fourth King of Bhutan, a 17-year old youth at the time (1972), proclaimed as he ascended the throne upon the death of his father, “Gross National Happiness to be more important than Gross National Product”[5]. With such words, he set his country upon a unique and holistic development path seeking, in a truly revolutionary way, to integrate sustainable and equitable socioeconomic development with environmental conservation. This implied that little by little all substantial policy was to be implemented only if it could satisfy the GNH-indicator requisite. Such was the case when Bhutan decided not to enter the World Trade Organization (WTO): this possibility did not pass the test of the country’s model, as was discovered in the process.
Bhutan’s New Development Paradigm (NDP) is committed to the understanding of the relationships between the economic system and nature as an instrument to attain human happiness[6] within the limits of available matter and energy. This is what Herman Daly had already explained in 1973[7]. After three decades of the adoption of the paradigm, Bhutan offers already some visible results. Health and education are free for all the Bhutanese, with 99% of primary-aged children now in school. Perhaps as proof of the quality of the education offered young people in general – in a nation of 19 languages and dialects, with Dzongkha as the official idiom – young people speak good English (characteristically, older Bhutanese do not show the same ability).  Life expectancy has doubled in the space of two generations. There are no billboards in Bhutan promoting unintelligent forms of consumption. Advertising junk food and alcoholic beverages is forbidden, as well as the sale of cigarettes. People in general are amiable, soft-spoken, helpful. Cars do not blow horns. Silence is a common feature. And great extremes of income and wealth are not obvious – so far as I could notice.
The country is on the road to establish green accounts – national accounts considering all positive and negative dimensions of economic activity. This system will make policy-making much more informed than it can possibly be when narrow, myopic market measures alone are employed. Bhutan is expecting also to be 100% organic in 2020 – the first country in the world to attain this condition. Its Constitution approved in 2008 requires that forests cover at least 60% of the national territory – an area that presently represents, in reality, 80%, with 52% of the country’s total area being destined to natural reserves[8].


The Ecological Economics frame of reference

         That Bhutan employs Ecological Economics to give substance to its understanding of the economic process and to propose a wholly new and bold development paradigm is obvious from a contact with the literature that its government has produced on the subject. However, the evidence becomes eloquent, without margin to any doubt, when the text of the thoughtful statement made by the Bhutanese prime minister, Jigmi Thinley, in Rio on June 19th 2012, at the closing session of the ISEE 2012 Conference – at which I was present – is read[9]. It opens praising the concession by ISEE of its top honor, the Kenneth E. Boulding Award, to William Rees and Global Footprint Network President Mathis Wackernagel co-creators of the important tool of the ecological footprint, and members of ISEE. Quoting the ISEE release on the prize, Thinley remarks that the award is given to “outstanding individuals who have contributed original and seminal approaches that have furthered our understanding of the interfaces between the social, ecological, ethical, economic and political dimensions of our world.” For Thinley, fully in accordance with primordial ecological-economic thinking, the ecological footprint “is certainly one of the most important and influential measurement and communication tools of the century”. In terms of a rupture with the GDP-based paradigm, this is unusual in the discourse of a head of government. Even more so when he stresses the fact that he relies “on that information to understand and communicate the devastating impact of current consumption patterns on the world’s limited resource base, and to urge more sustainable policies”.
            The prime minister went further in Rio, underlining that the work of ecological economists should actually be the primary reference point for the Summit – the Rio+20 – that was starting the day after his talk. For him, in front of the planetary crisis and the unease provoked by a moment of threat to human survival on the Earth as now[10], it is necessary to understand that the economy is nothing more than an open subsystem of the global ecosystem, thus submitted to the limits that nature imposes. This certainly is what EE postulates, as the convincing demonstration made by Georgescu-Roegen (1906-1994) in 1971 set up[11]. Thinley said more:

Indeed, I can think of no field of study that has greater capability of persuading and cajoling governments to act responsibly than your own, and that’s why I am so honoured to be with you today. I would go so far as to say that we politicians can’t act without you! Your work is literally the ground and credibility on which we need to stand to make the economic case for environmental protection, to demonstrate the inestimable value of our scarce resources, and to highlight the true benefits and costs of economic activity

At the end of his statement, once more, Thinley was peremptory: “it is clear that ecological economics is a core foundation of the new global development paradigm that the world so urgently needs and that my country is now actively promoting”.
This way, the model rejects without any hesitation the conventional GDP-based paradigm and its proposal of endless growth of the economic system. No doubt should be nurtured concerning Bhutan’s position on this issue. Thinley again could not have employed more appropriate terms to affirm his country’s perspective than those he chose in New York on April 2nd 2012 at the meeting convened by Bhutan in the United Nations to present the NDP. His words: “The GDP led development model that compels boundless growth on a planet with limited resources no longer makes economic sense. It is the cause of our irresponsible, immoral and self-destructive actions”[12].
It is worth considering the arguments Thinley mentioned to justify his unmerciful classification of the paradigm of GDP worship. It is irresponsible, according to him, “because we extract, produce, consume and waste ever more, even as natural resources are rapidly depleting” – a situation that can be grasped in Fig 1. The graph shows the movement from extraction to production to discarding. That is, a hole is dug, on one side, and, after resources are used, a scrap heap is accumulated, on the other. The hole and the heap, in some cases, are eternal, irreversible, and do not stop growing. The system is immoral and unethical, in Thinley’s view, “because having consumed far beyond our share of natural wealth, our reckless profligacy amid unconscionable inequities comes at the cost of what belongs to generations unborn”. Finally, the GDP led paradigm is self- destructive, “because, aided by technology, we are bringing about the collapse of our ecological life support systems”. Such has been precisely EE’s perspective since its inception. It is what Georgescu-Roegen, the pioneer and inspirer of the discipline, always talked about, The same is contained in the work of G-R’s Ph.D student, my good friend Herman Daly, Martínez Alier, Malte Faber, Robert Costanza, Cutler Cleveland, John Proops[13] – the list is big. No matter, it is necessary to observe that some of my fellow members of ISEE give importance, perhaps too much, to traditional economic growth.
                                                                                     
Descrição: Gráfico 1 BUTÃO.jpg

Figure 1 – The extraction-production-discarding model
            When expressing on an emphatic tone in his statement in Rio that he is indebted to EE, Thinley does not mention G-R. But certainly he is supported by Georgescu-Roegen and, of course, by Daly as well, as can be perceived in the book he edited in 1980[14] (which elaborates his previous book, Toward a Steady-State Economy[15]). In the introduction to the steady-state economy, Daly explains that “In the largest sense, humanity’s ultimate economic problem is to use ultimate means wisely in the service of the Ultimate End”[16]. He overcomes the limitations of the standard economic model that defines economics as the science of allocation of (intermediate[17]) scarce means among (instrumental[18]) competing ends, bringing into consideration the dimension, neglected by GDP worshippers, of ultimate ends (the meaning and enjoyment of life) and fundamental means (matter and energy, the universe’s building blocks). Daly’s model of the ends-means spectrum, with some adaptations I made, is exhibited in Fig. 2.


Descrição: C:\Users\Clóvis Cavalcanti\Documents\Arquivos 2013\Gráficos 2 BUTÃO.jpg

            
Figure 2 – Ends-means spectrum (Daly, 1980)


The top (small rectangle) of the graph’s bigger rectangle is occupied by the Ultimate End: happiness, the supreme good (St. Tomas Aquinas’s summum bonum, G-R’s the enjoyment of life) as Daly explains[19]. It is that which is above everything, not deriving its goodness from any instrumental relation to some higher end (Heaven, the Tao, maybe, if one can conceive of). The smaller rectangle at the bottom is the space of the most basic things, the foundation of the ecosystem: the useful stuff of the world, low-entropy matter and energy. Along the bigger rectangle, the intermediate categories of the spectrum represent a hierarchy of both intermediate ends and means. Each one can be an end with respect to lower categories and a means in relation to higher ones. All converge to the service of the Ultimate End, and depend on the availability of low-entropy matter-energy. Going up in the bigger rectangle we march toward the Ultimate End; going down, toward the fundamental, ultimate means. The intermediate ends are ranked in terms of the Ultimate End. Above fundamental means are intermediate means (arrangements of matter and energy, physical stocks) which can be thought of as the result of the throughput, a metabolic flow of matter and energy that transforms basic stuff (low entropy) in useful elements (higher entropy) – something Fig. 1 portrays.
On the right of the great rectangle are listed the traditional disciplines of study that correspond to each stage of the spectrum – engineering, a technical discipline, appears on the left of the great rectangle. In this constellation, standard economics occupies a central position. This enables us to realize that the intermediate place economics occupies indicates that it does not deal with ultimates or absolutes, only with those things in the middle range. The economy is shown as having connections only with intermediate ends and means, a situation that has led to the false supposition “that the middle-range pluralities, relativities, and substitutabilities among competing ends and scarce means were representative of the whole spectrum”[20]. In accordance with Daly, absolute limits do not show up in the economists’ paradigm because absolutes are found only in confrontation with the extreme poles of the spectrum. Besides, economics does not inquiry into the nature of ends and means, thus not caring to verify the limits of both the possible (something that Physics explains) and the desirable (dealt with by Ethics, Religion, Metaphysics). No matter then that for the growth economists, “continuous growth in intermediate means (unconstrained by any scarcity of ultimate means) in order to satisfy ever more intermediate ends (unsconstrained by any impositions from the Ultimate End)” constitutes the rule[21]. “Infinite means plus infinite ends equals growth forever”: a modern illusion that ends up violating the limits both of the possible and the desirable.


Thermodynamics, happiness and the enjoyment of life

By affirming that the economy is subjected to the limits set up by nature, since it is nothing more than an open subsystem of the global ecosystem (which, in turn, is thermodynamically closed), the Bhutanese prime minister, in his Rio speech, echoed the thought of both the father of Ecological Economics, G-R, and those who like me follow his lead. Indeed, as G-R explains in a rigorous fashion, what standard economists imagine is that the economic system is an isolated, self-contained and a-historical process – a circular flow between production and consumption with no outlets and no inlets. The elementary textbooks depict it this way, using a graph baptized as “the circular flow of wealth” to represent the economic system[22]. Economics, says G-R, gives no signs of acknowledging the role of natural resources in the economic process. His conclusion:

Had economics recognized the entropic nature of the economic process, it might have been able to warn its co-workers for the betterment of mankind – the technological sciences – that “bigger and better” washing machines, automobiles, and superjets must lead to “bigger and better” pollution.[23]

In this sense, the NDP (GNH) model on the one hand, and EE, on the other, converge in the same severe criticism of standard economics. Such criticism is accentuated by G-R in terms of the fact that the conventional model of economic theory ignores the Laws of Thermodynamics that characterize all processes of energy transformation in the universe. Materially, the economic process consists in essence of a transformation of low entropy into high entropy, i.e., into waste: natural wealth eventually becomes degraded energy-matter[24]. Therefore, the faster the economic process goes, the faster the scrap heap accumulates[25]. G-R – who Martínez Alier classifies as the principal exponent of the ecological critique of economics[26] –, however, remarks that “it would be utterly absurd to think that the economic process exists only for producing waste”.  The irrefutable conclusion would then be “that the true product of that process is an immaterial flux, the enjoyment of life”[27] – happiness, for that matter. Without introducing the concept of the enjoyment of life into our “analytical armamentarium” – G-R’s expression – we are not in the economic world. Life enjoyment, which does not have physical dimensions, is something that can grow limitlessly – thus sustainably. It is here that G-R closes his reasoning. Writes he: “I now wish to submit that everything that supports life enjoyment directly or indirectly belongs to the category of economic value. And, to recall, this category does not have a measure in the strict sense of the term”[28]. It represents the difference between the economic process “and the entropic march of the material environment”[29].
Georgescu-Roegen was originally a mathematician with a doctorate in mathematical statistics. It is important to have in mind that background in order to grasp the emphatic conclusion he reaches about the impossibility of measurement of a qualitative concept such as the enjoyment of life. For him, what he calls “the true ‘product’ of the economic process” is not a material flow, but a psychic flux – the enjoyment of life by every member of the population – with the addendum that “the intensity of this flux at an instant of time does not seem to be a measurable entity, not even in the ordinal sense”[30]. Such a qualification is equivalent to a refusal of the principle of maximization of the enjoyment of life: there would always be the possibility to go beyond the last attained tread. Perpetual growth of the enjoyment of life – because of the latter’s immateriality – is not an oxymoron. A point that deserves to be stressed here in relation to framing GNH within the landscape of EE relates to what G-R coined as “arithmomania”: the complex notion of economic development reduced to a number, the income per capita. The result is that “for the last two hundred years we have bent all our efforts to enthrone a superstition as dangerous as the animism of old: that of the Almighty Arithmomorphic Concept”[31]. No small sin.


On some specificities of the Bhutanese paradigm

Understandably, there has been a recent tendency in EE to emphasize the differences between the present full-world global condition and the old – let us say 1900’s – empty-world global reality: a planet with 7.1 billion people and a GDP of 72 trillion dollars today against 1.5 billion inhabitants and 1.5-2.0 billion dollars of global output in 1900. This intense contrast would be enough to justify the relevance of the proposed EE worldview which takes into account the inflexible boundaries laid down by nature, thus denying as a consequence the paradigm of standard economics which ignores them outright. For the prevailing concept of development, which puts continuous, limitless economic growth – a biophysical impossibility in the first place – before anything else, should be strongly challenged. In truth, it now makes more sense to reason about the economy in terms of the spaceman economy of the cowboy-spaceman duality in the picturesque suggestion of another great exponent of EE, Kenneth Boulding (1910-1993)[32]. The open, “cowboy economy” of the past no longer makes sense. It has to be replaced by the closed, “spaceman economy” in which “the earth has become a single spaceship, without unlimited reservoirs of anything, either for extraction or for pollution, and in which, therefore, man must find his place in a cyclical ecological system”[33].
What is at stake is the issue concerning the scale of the economy that can be contained in the encompassing ecosystem – something like calculating how many passengers can safely fly in an A320 airplane: 200, 1,200? Certainly, it is not any number. Using the full-world picture, Robert Costanza and collaborators wrote a precise report for the UN in the running to the Rio+20 summit which they adapted to the Worldwatch Institute’s State of the World 2013 report[34]. In it they explain the reality of development within the frame of what they call “Economy-in-Society-in-Nature”. A paper given in ISEE 2012, in Rio (“Human Behavior, Economic Institutions and the Challenges of a Full World”), by a member of Costanza’s team, my friend Joshua Farley, falls within the same coordinates
However, it does not seem that this is what one finds in the origins of EE. G-R simply explained that the economy is governed, like everything else in the physical environment, without exception, by the Laws of Thermodynamics – period. Bhutan’s conception of its paradigm fits this comprehension. About NDP, from what it contains, one is bound to say that it is much more inspired by the full-world category, in spite of the fact that the country’s real conditions place it better in an empty-world configuration (it has, for instance, 19 inhabitants per sq km – against 142 in China and 21 in Brazil). It is so empty that does not have a single traffic light (something one normally finds in small Brazilian towns) – and no traffic jams for that matter. Prime minister Thinley’s speech in Rio tends to confirm the NDP’s adherence to the full-world situation:  

I regularly use the [Ecological] Footprint results in my own statements, and indeed rely on that information to understand and communicate the devastating impact of current consumption patterns on the world’s limited resource base and to urge more sustainable policies. It is without question one of the most powerful ways to put the responsibility for sustainability firmly on all our shoulders through awareness of every resource we consume and every nuance of our behaviours and lifestyles.

Such awareness of limits, à la G-R, is common to the whole statement. In it the Bhutanese ruler reinforces the need to dismantle mindless consumerism which has depleted resources, degraded ecosystem services, accelerated greenhouse gas emissions, diminished biodiversity, and now threatens the survival of humans and other species on the planet (an unbearable scrap heap). A ban in advertising to children is proposed, as well as the elimination of perverse tax deductions by businesses for advertising. The ecological tax reforms that EE has so strongly proposed are considered as a means to penalize unsustainable behaviors, via the taxation of pollution, carbon, and the depletion of natural capital. In other words, as Daly has always advocated, a shift of the tax base from value added, and on to that to which value is added, namely the throughput flow, which is to be minimized[35]. G-R would endorse it. This is the primordial EE orthodoxy, which is independent of empty- or full-world assumptions.
            Bhutan’s NDP thus is all about G-R’s vision. It is not the case as suggested by Zencey that “There ought not to be any conflict between Ecological Economics and GNH” [36]. Or that an EE-NDP partnership is conceivable, with GNH adopting EE, and vice versa, “the two [being] compatible and the adoption of both together [being] not only possible but [making] for a strong union” – in Zencey’s words. The question is that Ecological Economics seems to have always been in the heart of Bhutan’s New Development Paradigm, an intrinsic part of it. Consciously or not, the partnership has ever existed. It is only becoming more declared now. Nevertheless – and this is to be noticed –, the Kingdom of Bhutan, following the traditions of Buddhism that give shape to it, offers in natural fashion a development paradigm that does not make any effort to represent adherence to a westernized version of the ecological critique of economics that EE elaborates. As a matter of fact, it has its specificities – which are not banal.
On the specificity of Buddhism, to begin with, it is to be recalled that Buddhism sees the essence of civilization not in a multiplication of wants but in the purification of human character, as remembered by Schumacher (1911-1977)[37]. And Bhutan is officially a Buddhist country, in accordance with the Kingdom’s Constitution (3rd article) of 2008 (other religions are admitted, too). Buddhism does not accept the fundamental criterion of success of the modern economy – size of GDP or simply the total quantity of final goods produced during a given period of time. A.N. Whitehead aptly put the issue on a broader context in terms of the fact that to live we attack the environment under “a three-fold urge: (i) to live, (ii) to live well, (iii) to live better”[38]. We are not here to own more and more gadgets – some plainly stupid – but to promote the art of life, according to Whitehead. To live better, for him, we need reason – thus its function. From Buddhism’s viewpoint, to single out GDP means to consider goods as something more important than people and all other sentient beings. The purpose of economics in a Buddhist context is then the systematic study “of how to attain given ends with the minimum means”[39]. In other words, “since consumption is simply a means to human well-being, the aim should be to obtain the maximum of well-being with the minimum of consumption”[40]. Using Fig 2 as a reference, it corresponds to attaining the Ultimate End with a minimum of matter and energy, the fundamental means – or minimizing throughput. G-R’s approach would put it in terms of the value of consumption making sense only if it leads to the enjoyment of life[41]
            All this, in essence, has to do with happiness, i.e., with the basic meaning of the New Development Paradigm. In the perspective of Ecological Economics, according to Costanza et al., “When GDP rises faster than life satisfaction, efficiency declines. The goal [in EE] should be to minimize GDP, subject to maintaining a high and sustainable quality of life”[42]. To Buddhism’s non-western lens, the problem is not avoiding a fall in efficiency in itself, but of promoting an intense spiritual awakening, assuring the purification of human character. There is scope for much discussion here. But the subject permits to think on the nature of the Ultimate End. After all, what is it precisely? St. Thomas Aquinas (1225-1274) called it summum bonum – the supreme good. In Hinduism, to express it, the concept of nirvana is formulated; the Zen-Buddhist correspondent to it is satori. Maybe jokingly, maybe mixing joke with a sudden and profound inspiration, the Fourth King of Bhutan came out with the expression Gross National Happiness. He had already spoken of happiness as an objective instead of GDP when he ascended the throne upon the death of his father in 1972. It was in Mumbai, though, in 1979, when returning from a conference of non-aligned countries in Havana, that he was asked, perhaps wickedly, by a reporter to indicate the importance of Bhutan’s GDP. The answer of a then 24-year old monarch was that “We do not believe in the gross national product because the gross national happiness is more important”[43]. How many heads of state – not to speak of the business sector, the media, the economics profession – would easily propose a reversal or abandonment of the growth project implied in GDP considerations? Or a reconsideration of growth in things that are not worth pursuing – such as junk food, fizzy drinks, big automobiles, oil refineries?
            Well, G-R had already sustained that “it is as absurd to think of an individual who prefers being less happy as to imagine a quadrangle with five sides”[44]. Happiness guides humanity – so it seems. Even China’s new president Xi Jinping declared in November 2012 that “To meet [our people’s] desire for a happy life is our mission”[45]. Despite all that, as G-R remarks, conventional economics is not preoccupied with human beings and “takes special pride in operating with a man-less picture”[46]. It does not contain the qualitative dimension of the supreme good. Happiness is an absent word in the standard economist’s lexicon. In his universe all meaning rests upon what G-R calls “the colorless numerical concept of ‘utility’”[47]. For G-R and ecological economists in general the principle that holds is the one proposed by Daly: “Biophysically based conclusions about economic growth, or any other subject, should be in accord with morally based conclusions”[48]. The argument is strengthened by Schumacher who explains that “What is being called into question...is not our technical competence but our value system and the very aims and objects we are pursuing”[49]. To seek happiness, not a misleading concept as GDP, is part of human nature[50]. St. Augustine (354-430) who did not know GDP, of course, proposed: “Nulla est homini causa philosophandi, nisi ut beatus sit” (“Man has no reason to philosophize except with a view to happiness”). He was preoccupied with a senseless philosophy – and science as a consequence. Aristotle (384 a.C.-322 a.C.) with eudaimonia, and authentic Christian teachings (St. Thomas’s summum bonum, e.g.), who were more specific as to humans, are proof that what is sought in life by people is a notion “of wealth as a means to an end”[51]. Among indigenous and traditional peoples it does not seem to be different[52]. EE has always marched toward assuming this perspective – which is the essence of Bhutan’s, as well.
It thus makes sense entirely to accept the ultimate goal that guides political and social change in Bhutan: Gross National (or Domestic) Happiness. This is what asserted Bhutan’s Fourth King when he commented that the creation of an enlightened society in which the happiness and well-being of all people and sentient beings is the ultimate purpose of governance.[53] Those words reveal the strong dimension of spirituality in the paradigm that governs Bhutan. Such a dimension shapes GNH and the related notion of development it contains. It is as Karma Ura and collaborators have underlined: “If material growth undermines the spiritual framework of society and its values of compassion and integrity, then development has not occurred”[54]. The whole set of things coming out of Bhutan’s paradigm, in sum, have to do with the fact that life’s purpose goes much beyond the material – and even more beyond disgraceful forms of consumption and wealth accumulation. Progress and all human choices, therefore, in line with NDP, should be addressed through the language of spiritual wisdom, together with ecological, social, and cultural perspectives. As Ura and collaborators put it on a clear dimension: “The language of spiritual wisdom can…be understood as the language of practical sanity”[55]. Happiness, an enlightened society, all sentient beings (in the Buddhist view, all sentient beings are incipient buddhas and must be treated as such), spiritual wisdom, and other elements of Bhutan’s NDP render it a version of EE’s model that goes over the biophysical component of the economy-in-society-in-nature edifice. In short, it is truly Ecological Economics – and something more.

Olinda, Brazil, May 2013.  
  



[1] The speech has never been published. But, two former students of mine and I have original, old-fashioned typed copies of it (in Portuguese). 
[2] As a visiting scholar, I lived together with G-R at Vanderbilt University (Jan.-Mar. 1970), where I had a room next to his in the Department of Economics. We talked almost on a daily basis. Once he invited my wife and I to his house for dinner and intelligent conversation. In July 1973, I translated a lecture he gave at the Development Council of Pernambuco State (Condepe), in Recife, in the presence of its directors, Everardo Maciel and Olímpio Galvão.
[3] THINLEY, Jigmi Y. Statement at the Closing Session of the 2012 Conference of the International Society for Ecological Economics. Rio: Hotel Guanabara Palace, June 19th 2012. Available in: http://www.footprintnetwork.org/images/article_uploads/Bhutan_Prime_Minister_Congratulates.pdf.
[4] Available in: http://www.sustainable.unimelb.edu.au/files/mssi/Bhutan_Proposal-International-Expert-Working-Group_2012-14.pdf. My name appears on p. 34.
[5] Apud URA, Karma, ALKIRE, Sabina, Zangmo, Tshoki, and WANGI, Karma. A Short Guide to Gross National Happiness Index. Thimphu: The Centre for Bhutan Studies, 2012, p.6. Available in: http://www.ophi.org.uk/wp-content/uploads/Ura-et-al-Bhutan-Happiness-Chapter.pdf.
[6] According to Jigmi Thinley, cit., “the happiness of which our King spoke has nothing to do with the common use of that word to denote an ephemeral, passing mood ― happy today or unhappy tomorrow due to some temporary external condition like praise or blame, gain or loss. Rather, he referred to the deep, abiding happiness that comes from living life in full harmony with the natural world, with our communities and fellow beings, and with our culture and spiritual heritage ―, in short from feeling totally connected with our world”.
[7] DALY, Herman. Introductory Essay. In DALY, Herman (ed.), Toward a Steady-State Economy. San Francisco, W. H. Freeman Co., 1973,  p.8.
[8] Complete data on the reality of Bhutan can be found on: http://www.bhutanstudies.org.bt/.
[9] THINLEY, Jigmi Y., op. cit.
[10] On the suject, see EHRLICH, Paul and Anne. Can a Collapse of Global Civilization Be Avoided? Proc. R. Soc. B (Biological Sciences),  2013, 280, 20122845. Available in: rspb.royalsocietypublishing.org.
[11] GEORGESCU-ROEGEN, Nicholas. The Entropy Law and the Economic Process. Cambridge, Mass., Harvard University Press, 1971.
[12] THINLEY, Jigmi Y. Opening address at the High-Level Meeting on Wellbeing and Happiness: “Defining
a New Economic Paradigm”, UN Head Quarters, New York, 2nd April, 2012.  Available in: http://www.cabinet.gov.bt/?p=737.
[13] See: G-R, cit. DALY, cit. MARTÍNEZ ALIER, Joan and SCHLUEPMANN, Klaus, La Ecología y la Economía. México: Fondo de Cultura Económica, 1991. FABER, Malte, MANSTETTEN, Reiner and PROOPS, John. Ecological Economics: Concepts and Methods. Cheltenham, UK, Elgar. COSTANZA, Robert (ed.), Ecological Economics: The Science and Management of Sustainability. New York, Columbia U. Press, 1991. CLEVELAND, Cutler J. AND Ruth, Matthias. When, Where, and by How Much Do Biophysical Limits Constrain the Economic Process?: A Survey of Nicholas Georgescu-Roegen’s Contribution to Ecological Economics. Ecological Economics, Elsevier, v. 22(3), September 1997, p. 203-223. Also In CAVALCANTI, Clóvis. (ed.), Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Políticas Públicas. São Paulo, Cortez Editora, 1996, p. 131-164.
[14] DALY, Herman, Introduction to the Steady-State Economy. In DALY, Herman  (ed.), Economics, Ecology, Ethics: Essays Toward a Steady-State Economy. New York and San Francisco, W.H. Freeman and Company, 1980, p. 1-37.
[15] DALY, Toward a Steady-State, cit.
[16] DALY, Introduction, cit., p. 8.
[17] Capital, land, labor.
[18] Food, housing, clothes.
[19] DALY, Introduction, cit., p. 8.
[20] Id., p. 10.
[21] Id., ib.
[22] GEORGESCU-ROEGEN, cit., p. 2.
[23] Id., p. 19.
[24] Id., p. 18.
[25] Id., p. 318.
[26] MARTÍNEZ ALIER, Joan. De la Economía Ecológica al Ecologismo Popular. Barcelona, Icaria Editorial, 1995, 3rd ed. (the 1st ed. is from 1992), p. 27.
[27] GEORGESCU-ROEGEN, cit., p. 18. Id., p. 282.
[28] Id., p. 287.
[29] Id, p. 282.
[30] Id, p. 284.
[31] Id., p. 79.
[32] BOULDING, Kenneth. The Economics of the Coming Spaceship Earth. In: JARRETT, H. (ed.), Environmental Quality in a Growing Economy.  Baltimore, Resources for the Future/Johns Hopkins University Press, 1966, pp. 3-14.
[33] Id., p. 9.
[34] COSTANZA, Robert, ALPEROVITZ, Gar, DALY, Herman, FARLEY, Joshua, FRANCO, Carol, JACKSON, Tim, KUBISZEWSKI, Ida, SCHOR, Juliet e VICTOR, Peter. Building a Sustainable and Desirable Economy-in-Society-in-Nature. Worldwatch Institute, State of the World 2013. Is Sustainability Still Possible?. Washington, D.C.: ch. 11, forthcoming.

[35] DALY, Herman, and FARLEY, Joshua. Ecological Economics: Principles and Application. Washinton, D.C., Island Press, 2004, p. 145.
[36] ZENCEY, Eric. The Partnership of GNH and Ecological Economics. Thimphu, Bhutan, Feb. 2nd  2013, communication to the members of Bhutan’s International Expert Working Group.
[37] SCHUMACHER, E.F. Budhist Economics. Resurgence, v. 1, n. 11, jan.-fev. 1968. In DALY, Herman (ed.), Economics, Ecology, Ethics: Essays Toward a Steady-State Economy. New York and San Francisco: W.H. Freeman and Company, 1980, p. 140.
[38] WHITEHEAD, A.N. The Function of Reason. Princeton, Princeton University Press, 1929, p. 5. Available in: http://archive.org/stream/functionofreason031865mbp#page/n7/mode/2up.
[39] Id., p. 143.
[40] Id., p. 141.
[41] GEORGESCU-ROEGEN, cit., p. 35.
[42] COSTANZA et al., op. cit., p. 14.
[43] See: http://asiancorrespondent.com/107269/bhutan-becomes-happiness-lab-for-western-economists/. See also URA et al., op. cit., p. 6.
[44] GEORGESCU-ROEGEN, cit., p. 323.
[45] The Economist, Xi Jinping and the Chinese Dream, May 4th 2013, p. 11.
[46] GEORGESCU-ROEGEN, cit., p. 343.
[47] Id,, p. 52.
[48] DALY, Introduction, cit., p. 11.
[49] SCHUMACHER, E.F. The Age of Plenty: A Christian View. Pamphlet. Edinburgh, Saint Andrew Press, 1974. In DALY, Herman (ed.), Economics, Ecology, Ethics: Essays Toward a Steady-State Economy. New York and San Francisco: W.H. Freeman and Company, 1980, p. 131.
[50] The late Brazilian biologist Samuel Murgel Branco (1930-2003) wrote about it in an excellent book (a pity it is available only in Portuguese): BRANCO, Samuel Murgel. Ecossistêmica: Uma Visão Integrada dos Problemas do Meio Ambiente. São Paulo, Edgar Blücher, 1989, p. 119. The book can be considered, in fact, a relevant text of Ecological Economics, without any by the author to that end.
[51] SKIDELSKI, Robert and SKIDELSKI, Edward. How Much is Enough? The Love of Money, and the Case for the Good Life. London, Penguin Books, 2012, p. 12.
[52]CAVALCANTI, Clóvis. Economic Thinking, Traditional Ecological Knowledge and Ethnoeconomics. Current Sociology, v. 50, n. 1, Jan. 2002, p. 39-55.
[53] URA, Karma. Gross National Happiness and Buddhism. Availabel in http://www.kosei-shuppan.co.jp/english/text/mag/2007/07_101112_10.html
[54] URA, Karma, ALKIRE, Sabina, ZANGMO, Tshoki, and WANGI, Karma. An Extensive Analysis of GNH Index. Thimphu: The Centre for Bhutan Studies, 2012, p. 132.  Available in: http://www.grossnationalhappiness. com/wp-content/uploads/2012/10/An%20Extensive%20Analysis%20of%20GNH%20Index.pdf
[55] Id., p. 137.



------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Crescimento, ecologia e Celso Furtado 2009
 Discurso de Clóvis Cavalcanti não ISEE conferencia - 16 de junho 19, 2012, Rio de Janeiro
Economia Ecológica e Rio + 20: Desafios e Contribuições para uma Economia Verde


Declaração na abertura do 2012 Reunião da Sociedade Internacional de Economia Ecológica (ISEE). Rio de Janeiro, 16 de junho de 2012

Entropia e carinho:
Uma Perspectiva Economia Ecológica de Sustentabilidade

Clóvis Cavalcanti
(Fundação Joaquim Nabuco, Recife, PE, Brasil)

Caros colegas e amigos:

É uma grande honra presidir esta sessão de abertura do ISEE 2012. Agradeço aos organizadores por me dar esta oportunidade rara. Na verdade, mais uma vez, tenho de lhes agradecer, agradecer Amélia Rodrigues, Paulo Mibieli, Peter May, e todos os membros da ECOECO, por graciosamente concedendo-me, em outubro passado, o título de Presidente Honorário do ECOECO. Como eu disse quando para minha surpresa eu sabia do louro, eu considero a sua decisão, antes de tudo, um sinal de afeto. E afeto, queridos colegas e amigos, parece-me a grande força, o cimento de Economia Ecológica (e de uma economia ecológica): carinho para nossos companheiros seres humanos, carinho para a beleza da natureza, amor pela vida. É por isso que nós desafiamos tão fortemente o conceito existente de desenvolvimento, que coloca o crescimento económico contínuo - uma impossibilidade biofísica, em primeiro lugar - antes de qualquer outra coisa. A contribuição inspiradora de Nicholas Georgescu-Roegen introduzir a lei da entropia na visão convencional do processo econômico tem mostrado de forma conclusiva que falar de crescimento infinito num planeta finito, para usar sua expressão, é "uma tautologia sem graça". Herman Daly, um dos pilares do ISEE - se não o seu símbolo - tem falado com sabedoria e com frequência sobre a impossibilidade de uma economia cada vez mais em uma mais ampla, dramaticamente-mudou o mundo. Claro, nós queremos o desenvolvimento. Mas o crescimento é outra coisa - uma fera que os seus adoradores deseja para camuflar com um corante verde. Como Ashok Khosla, um ex-diretor do PNUMA, declarou esta semana no Rio, "As pessoas da" economia marrom "são muito poderosos. São eles que financiar governos, que recebem votos, que gerenciam os partidos políticos, por isso não é fácil ignorá-los ". Esta "economia marrom" é a força que foi ultrapassagens e modificar a proposta economia verde original do PNUMA em 2010, cujos traços dirigiu uma necessidade básica para o desenvolvimento sustentável. Este é outro caso triste do lobo assumindo disfarce de Chapeuzinho Vermelho.    
Devo Herman Daly minha descoberta de Economia Ecológica. Nós nos encontramos pela primeira vez em março de 1970, em Yale onde ele estava hospedado como um bolseiro de investigação. Eu fui lá para visitar James Tobin, que tinha sido meu professor. Alguns amigos teve a boa idéia de ter me ver Herman. Dez anos mais tarde ele leu um artigo de jornal que eu escrevi para o Jornal do Brasil , um importante jornal brasileiro do Rio (agora apenas online). Ele lidou com a lei da entropia e criticou o desenvolvimento. Herman me escreveu uma carta e enviou alguns de seus publicações. Eu já conhecia Georgescu, aqui no Rio, em julho de 1964, quando ele deu um par de palestras na Fundação Vargas, onde eu estava estudando, e apresentou sua abordagem termodinâmica à economia. No primeiro trimestre de 1970, eu era um professor visitante na Vanderbilt, onde Georgescu ensinado. Meu escritório estava ao lado dele. Isso me permitiu vê-lo muitas vezes. Uma vez ele me e minha esposa convidou para sua casa. Eu tinha um excelente tempo (ainda me lembro seu comentário de que Português parecia latim falado com um sotaque polaco). Com este pano de fundo, e ser-me por algum tempo já totalmente desconfortável com a teoria econômica tradicional, que era fácil de se tornar um economista ecológico. Mas em 1967, quando o meu amigo, o senador Cristovam Buarque foi meu aluno da microeconomia em programa de mestrado de economia em Recife, eu ainda reproduzido como um gravador de fita que eu tinha aprendido a partir de livros e palestras economia convencional. Isso mudou em julho de 1983, quando organizou uma mini-curso chamado "A Economia dos anos oitenta" na reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, em Belém. Ambos Cristovam e Herman, além de meu bom amigo Dirceu Pessoa, que morreu em 1987 num acidente de avião estranho, foram convidados a partilhar comigo a responsabilidade de transmitir os princípios da economia com uma nova perspectiva. Amélia Rodrigues Enríquez, um brilhante ex-presidente da ECOECO, que está aqui presente, era um estudante na época em Belém, participou do mini-curso, e também trabalhou como um trabalhador voluntário para a conferência.
Sei que alguns de nossos colegas do ISEE dar importância, talvez demais, para o crescimento económico. No entanto, depois de ter a oportunidade de aprender alguma coisa com Georgescu-Roegen, depois de ler Kenneth Boulding (e participar com ele na oficina Wye Ilha do ISEE, em 1990), depois de ter lido e ouvido EF Schumacher, Daly, Joan Martínez Alier, Ignacy Sachs, Armando Mendes, José Eli da Veiga, e outros, depois de ter desfrutado da companhia em várias ocasiões (e ler as importantes contribuições) do grande economista brasileiro Celso Furtado, que também foi meu professor em Yale, estou plenamente convencido de Furtado de 1974 explicação do crescimento como um mito. O nosso carinho para a humanidade deve levar-nos a pensar na melhoria da condição humana. Esta é a tarefa que eu conceber de Economia Ecológica seguindo o conselho de Alfred North Whitehead que estamos aqui, em primeiro lugar, para viver bem e, por outro, para viver melhor. Nós aqui não são de possuir mais e mais dispositivos - algumas claramente estúpido. Quinhentos anos de civilização ocidental no Brasil mostra que a cobiça insaciável em face de a opulência vegetal que existiu aqui levou a que o historiador ambiental Warren Dean classificada como a entronização da entropia. Para evitar esse destino é por isso que precisamos de desenvolvimento ou uma prosperidade sustentável. Por uma questão de fato, precisamos simplesmente de desenvolvimento, pois não existe tal coisa como um desenvolvimento insustentável. Pois, se ele existisse, isso levaria - como uma ponte insustentável ou pescaria - a entrar em colapso.
Nós não queremos ver o nosso mundo em colapso. Nós amamos a vida. Queremos preservar a natureza para os nossos descendentes. Isso me leva de volta ao afeto como base da sustentabilidade e do ISEE. Herman Daly me enviou recentemente o texto instrutivo de uma palestra que Wendell Berry, o admirável poeta, ensaísta, romancista e agricultor (eu também possui uma fazenda), deu este ano no National Endowment for Humanities em Washington, DC. Nela, ele diz que "é no afeto que encontramos a possibilidade de um, amável, e conservando economia vizinhança". Isso, mais o fato de que o abuso de terra não pode iluminar a perspectiva humana e conduz ao invés para a destruição das comunidades, famílias, pequenas empresas, e assim por diante, impõem a necessidade de conservar "a riqueza ea saúde da natureza". O conceito de sustentabilidade requer, de acordo com Berry, que "o ciclo de fertilidade de nascimento, crescimento, maturidade, morte e decadência ... deve girar continuamente no lugar ... para que nada seja desperdiçado". Berry explica que "Para que isso aconteça na administração dos seres humanos, deve haver um ciclo cultural em harmonia com o ciclo de fertilidade". O ciclo cultural seria, então, o que se entende por sustentabilidade. Berry conclui: "O ciclo de fertilidade vira pela lei da natureza. O ciclo cultural gira em torno de afeto ".
Façamos o ISEE uma empresa humana ligar carinho. E não nos esqueçamos de que, como Cecília Meireles, um poeta brasileiro que eu gosto, escreveu: "Acima e abaixo da terra / um dia, o ouro deve funcionar a seco".
Agora tenho o prazer de dar a palavra a Yolanda Kakabadse, presidente do WWF, que conheci no Equador - embora ela certamente não me lembro - há alguns anos atrás.
Obrigado . Obrigado.


___________________________________________________________


MARTÍNEZ Alier, Joan. El ecologismo de los pobres. Conflictos Ambientales y lenguajes de valoración. Lima: Espiritrompa Ediciones, 2010, 4ª. ed., Aumentada não Peru, 416 pp.

Clóvis Cavalcanti
Pesquisador titular, Fundação Joaquim Nabuco, Recife (PE)
clovati@fundaj.gov.br

Este Livro E nova edição em Espanhol fazer volume de Escrito e publicado originalmente em inglês - O ambientalismo dos pobres. Um estudo de conflitos ecológicos e valorização (Cheltenham, Reino Unido: Edward Elgar, 2002) -, JA Traduzido PARA O português POR Maurício Waldman ( O ecologismo dos Pobres Conflitos Ambientais e Linguagens de valoração. São Paulo: Editora Contexto., 2007). A Primeira edição em Espanhol E de 2002; um Presente Já constitui uma quarta. Ela se distingue das Anteriores POR ter SIDO Aumentada não Peru, com um Inclusão de Dois Capítulos, não há finais, that totalizam 60 Páginas. Em QUALQUÉR das versões, PODE-se assegurar Que a obra de J. Martinez Alier (JMA) contribui admiravelmente PARA O Entendimento dos Problemas Que se percebem NAS Relações Entre Natureza e sociedade. Ela possui o mérito, AINDA, DE TRATAR da Abordagem da Economia ecológica (EE) em conjunção com uma Perspectiva da Ecologia Política. ASSIM, tanto fala dos elos percebidos QUANDO SE consideră O Sistema Econômico hum subsistema Aberto do Ecossistema, axioma da EE, Quanto dos Problemas suscitados cabelo OSU da Natureza sem contexto das Estruturas de Poder existentes. Cada Uma com Linguagens de valoração Próprias, de that Resulta uma Diversidade de Conflitos socioambientais Que há no Mundo.
O livro se DETEM Diversas vezes, repetidamente MESMO, nenhum confronto doloroso Entre a Destruição Sistemática da Natureza, para quê se Ganhe Dinheiro, ea necessidade de SUA Conservação, para quê se POSSA Sobreviver. Chega um AFIRMAR Que NÃO DEVE haver Confusão Sobre o tema central de that Trata: "a Resistencia (e local, global), Expressa em Diferentes Linguagens, contra o abuso de Natureza ea Perda de vidas humanas" (p 20).. Nesse SENTIDO, Faz Lembrar OS versos de Cecília Meireles, no Romanceiro da Inconfidência (de 1953): "que a sede de ouro E sem cura / e, subjugados POR ELA, / os Homens matam-se e morrem, / Mortos ficam, mas NÃO fartos ". A Idéia de um "ecologismo dos Pobres", em contraposição à Crença de Que defensor a Natureza SEJA um luxo dos ricos, "Um Novo Movimento monotemático sociais, o PROPRIO de sociedades prósperas, típico de Uma Época pós-materialista" (p. 358) , toma Corpo na Observação dos Conflitos é Sua Expressão Como Estratégia de Sobrevivência dos Pobres. Estes, Que, obviamente, Como TODO Ser vivo, Querem continuar 'Vivendo, tornam-se conscientes da necessidade de Conservar OS Recursos Naturais, um Exemplo da Água e da mata. Tal "Consciência, amiúde, E Difícil de Descobrir Porque NÃO utiliza a linguagem da ecologia Científica, mas Linguagens LOCAIS Como um dos DIREITOS territoriais Indígenas UO uma religiosa linguagem" (p. 358).
E dai that desponta o Tópico Frequente, não Livro, da incomensurabilidade, or comparabilidade fraca, de valores, atropelada toda hora, na vida moderna, Pela primazia fazer Econômico Sobre QUALQUÉR Outra Dimensão. JMA insiste nessa Questão, aludindo em SUA Análise uma Noções Como um de (in) Justiça, e racismo, ambiental, Conflitos Ecológicos distributivos, Intercâmbio ecologicamente desigual, Valores Não-Econômicos. ELE insiste em denunciar o monopolio da Dimensão Econômica Sobre as demais. Quanto a ISSO, Levanta Dúvidas de grande pertinencia. Por Exemplo: "Quem tem o Poder de impor uma linguagem Econômica Como linguagem suprema NUMA DISCUSSÃO ambiental? Quem tem a CAPACIDADE de simplificar a Complexidade, desqualificando Outros pontos de vista? "(P. 19). 
Ora, OS Conflitos ecológicos distributivos manifestam o enfrentamento constante Que ocorre no metabolismo social, da Natureza Entre esta ultima ea Economia, com SEUS Altos e baixos, SUAS Novas Fronteiras, SUAS Urgencias e incertezas. E ai que a Razão de Ser da Economia ecológica Aparece na moldura do ambientalismo - ou de Vários ambientalismos. Na Verdade, Martínez Alier introduz no Capítulo I do Livro Três Correntes Que Percebe não Movimento Ecologista, com Muita Coisa em Comum Entre si, inclusive a ojeriza dos antiecologistas a todas ELAS. E indica that Seu Propósito E TRATAR do Crescimento Que o ambientalismo TEM exibido. A Primeira das Correntes identificadas, Que se respalda na biologia da Conservação, E a fazer "culto Ao silvestre", da Defesa e sacralidade da Natureza imaculada, do amor Às Florestas Primárias. Nela se inclui o biocentrismo da ecologia profunda. Ela Está na raiz da Noção de incomensurabilidade de valores, "um tema ecológica da Economia central" (p. 24). E se não Contém lema de John Muir (1838-1914): "A Terra PODE Sobreviver BEM SEM amigos, mas OS Humanos se quiserem Sobreviver, devem Aprender a ser amigos da Terra" (p 26)..
À Segunda corrente ecologista, Que Tem respaldo na Economia ambiental e ecologia industrial, JMA chama de "credo (evangelho ou) da ecoeficiência". Ela admite O Crescimento Econômico, mas NÃO um Custo QUALQUÉR, confiando não Sustentável Desenvolvimento, nenhuma USO Prudente dos Recursos, nenhuma Controle da Contaminação, na Modernização ecológica. Sua Preocupação e Com OS Impactos Ambientais e Riscos Para a Saúde das Atividades Econômicas. Dai zagueiro iniciatīvas Que promovam a Eficiência Econômica Como OS Impostos verdes, Preços corretos, internalização das externalidades, Tecnologias Limpas, valoração da Natureza. Finalmente, a Terceira corrente de ativismo ambiental, that desafiaria As Duas Anteriores, seria, sem entendre de JMA, o "ecologismo dos Pobres". Ela PODE Ser Chamada also de ecologismo OU popular, Como E conhecida Nos Estados Unidos, de Movimento da Justiça Ambiental (p. 33).
Sobre a Terceira Tendência do ambientalismo, o "ecologismo dos Pobres", Que se Ampara na Política ecologia, justifica ea, E Que versa O Livro de JMA. Ela Diz Respeito A Assuntos Como o fazer Avanço da Fronteira do petróleo e do gás, da Fronteira do Alumínio, do Cobre, da palma, do camarão, do Ouro, da transgênica soja na Direção de Novos Territórios. "ISSO cria Impactos Que Não São resolvidos POR Políticas Econômicas OU Mudanças de Tecnologia e, portanto, recaem desproporcionalmente Sobre Alguns grupos Sociais that MUITAS vezes protestam e resistem (embora Tais grupos NÃO costumem se denominar de Ecologistas)" (p. 34). O Eixo da Terceira corrente Não Tem nada a ver com Uma reverencia sagrada Central a Natureza. ELE foca Interesse nenhum material significado do Meio Ambiente, "como fonte e Condição PARA O sustento; NÃO tanto Uma Preocupação Pelos DIREITOS das demais Espécies e Gerações Futuras humanas, e sim Pelos Humanos Pobres de hoje "(p. 34). A ética da Tendência, portanto, clama POR Justiça e social, ambiental ágora, Entre OS Humanos. Um Movimento that um Ilustra E a Via Campesina. Como Denúncias de biopirataria (apropriação do Conhecimento tradicional de Povos Indígenas) se incluem no ambientalismo dos Pobres, Cujo Crescimento no Mundo se desen um serios Conflitos ecológicos distributivos Frequentes (Caso, em 2011, de Belo Monte, no Brasil, e da estrada Beni- Cochabamba, na Bolívia, Por Exemplo).
O Capítulo II versa Sobre o SENTIDO e alcance da EE. Apresenta Suas origens, associando-como hum enfrentamento sem e Remédio em Evolução "entre Expansão Econômica e Conservação do Meio Ambiente" (p. 40). Fala dos condicionantes Físicos fazer Econômico Processo, da Economia Como hum subsistema fazer Ecossistema global, finito, e da necessidade de Serem considerados also Aspectos Históricos na Economia. Importante E a Análise que Faz das disputas Sobre Sistemas de valoração e Aspectos distributivos da Produção. Sem tampa. III, Sobre índices de (in) sustentabilidade e neomaltusianismo, ênfase E dada à Medida, elaborada Pela biologia, da apropriação humana da Produção Primária líquida. Tambem à pegada ecológica. Discute-se aí uma Questão da desmaterialização (Não OU) do consumo, da taxa de desconto temporal da CAPACIDADE de Suporte. O nascimento da ecologia Política e examinado sem tampa. IV, that comeca afirmando Que a Economia NÃO Emprega Hoje Menos Energia que no Passado, NEM ESTÁ se desmaterializando. Vários Casos de Conflitos Ambientais e Economia de rapina São examinados, um Exemplo dos suscitados Pela Contaminação da Atividade de Mineração não Peru e na Andaluzia. JMA aproveita Para delimitar o campo de Atuação da Ecologia Política e, base com em Formas de Propriedade e Gestão de Recursos, parágrafo desfazer a tese da "Tragédia dos Comuns", de Garrett Hardin (1915-2003).
Examinando Casos Concretos de ecologismo dos Pobres, Capítulos OS V e VI do Livro abordam Situações de Conflitos Ambientais Como Expressão de Conflitos de valoração. A predatória Exploração do Camarão, mostrada sem tampa. V, permite Que se fale de Uma Tragédia dos fechamentos ( gabinetes , em inglês), Bem distinta da Tragédia dos Comuns. Casos Como o fazer petróleo do Delta do Níger e SEUS mártires, do Movimento Chipko (Índia), dos seringueiros de Chico Mendes, da biopirataria e Outros fazem parte do Valioso material de empírico contido sem tampa. VI. Valores díspares em confronto São aí apreciados, concluindo-se com uma pergunta: "Como Calcular como indenizações a Pagar em Dólares Pelos Danos produzidos" Diante da Inexistência de Uma Unidade Comum de Medida confiavel parágrafo Solução de tal impasse, Uma SAÍDA seria uma Técnica multi-Critério de avaliação (p. 200).
cap O. VII apresenta Conflitos Urbanos, Relacionados especialmente OS Ao Planejamento das Cidades e Ao Trânsito. Procura demonstrar that como Cidades Não São ambientalmente Sustentáveis ​​(ELAS se valeriam da pegada ecológica Para Escapar à insustentabilidade). ASSIM (. P 209), em Los Angeles, parágrafo OS 3,65 gigajoules POR ano do consumo endossomático Necessário de uma pessoa, correspondem 40 gigajoules, Approximatif, de transporte Pessoal - SEJA OU, Quase 11 vezes Mais. Uma Solução Para a insustentabilidade inerente da Cidade E O Que MUITAS delas fazem: USAR Espaço ambiental alheio OU Jogar ESSE ônus Pará guetos Internos periferias OU Pobres (p 216).. Contribuem, Assim, parágrafo Reforço da Distribuição ecologicamente iníqua. Essa MESMA Tecla reaparece sem tampa. VIII, that ESTUDA OS Movimentos de Justiça Ambiental Nos EUA e África do Sul. Países sas, Impactos OS deletérios em áreas Onde Vivem Pobres tendem a Ser Muito MAIORES fazer that NAS ocupadas Pelos ricos. Acrescenta AINDA JMA: "A Prática de Exportar dejetos Tóxicos Pará Outros Países TEM SIDO descrita Como injustiça ambiental OU racismo ambiental em escala global" (p 236).. No Brasil, aventou-se há 30 ano a possibilidade de o lixo de nuclear Angra Ser armazenado no Nordeste. racismo Puro.
O papel do Estado e Outros Atores (Entre OS Quais, o IPCC) nºs Conflitos ecológicos, E considerado sem tampa. IX. Martínez Alier menciona Ai que, nos Estados do Sul, com freqüência, continua-se "crendo na velha Doutrina do Crescimento Económico um Custo QUALQUÉR" (p. 253). O Capítulo also dedica Atenção AOS " planteamientos " feministas. E adota uma posição de that o Meio Ambiente SEJA UM Direito humano. No cap. X, intitulado "A Dívida Ecológica", Examina-se o passivo causado Ao Meio Ambiente cabelo Intercâmbio ecologicamente desigual do Comércio Entre Países. A ótica da EE conduz o raciocínio, LEVANDO A Crítica Uma postura do livre-cambismo. E levantada A Questão fazer o dumping ecológico, Quando a venda de Bens E Feita com Preços that NÃO incluem Compensação Pelas externalidades negativas OU esgotamentos de capital natural.
O empolgante tema das Relações Entre a Ecologia Política ea Economia ecológica constitui um Matéria fazer cap. XI. Sem tampa. XII, JMA Dá Um fecho à Terceira edição de SUA obra. Faz aí hum Balanço de SUAS Idéias Centrais. Comeca com Elementos da EE, Exibindo Que, Quando um Cresce Economia, utiliza necessariamente Mais Recursos Naturais (Aceleração do Crescimento = Aceleração da Destruição). E lança Mais Resíduos na Natureza. E, AINDA NÃO that Cresça, vai necessitar de Mais provimento de petróleo, gás, carvão, Simplesmente Porque a Energia NÃO E reciclável. Nesse Processo, o metabolismo das Sociedades ricas SO SE Sustenta Mediante a Extração de Preços Baratos de Recursos das Pobres. ESTA AI a Razão de persistirem OS Conflitos ecológicos e de se Lutar Pela Justiça Ambiental. O ASSUNTO reaparece no Balanço do ecologismo dos Pobres, Vinte Anos Depois, Tópico do Capítulo final (o XIII) Deste Livro Extraordinário. OBRIGATÓRIA Leitura ..

-----------------------------


Prof. David Barkin e prof. Clóvis Cavalcanti não 
1º Congresso Internacional do Centro Celso Furtado. 2012.

 










Foto: Isabla Kassow / Centro Celso Furtado

O professor Clóvis Cavalcanti, socio do Centro Celso Furtado, foi eleito presidente da Sociedade Internacional de Economia Ecológica (ISEE -   www.isecoeco.org  ). Concorreu com David Barkin, faça México, Que em 2012 Participou de SUA mesa sem Congresso Internacional do Centro Celso Furtado.
Leia a carta da ISEE Sobre a eleição de Clóvis Cavalcanti.

"Queridos colegas,

Obrigado por permitir que seus nomes a apresentar para a eleição ISEE. Os resultados foram muito próximas, particularmente para o presidente eleito, com apenas um voto entre Clóvis Cavalcanti e David Barkin. No entanto, a história e o ISEE estatuto social nos dizem que um voto é decisivo (por exemplo, 1645: 1 voto deu o controle da Inglaterra para Oliver Cromwell ...)  e agora podemos anunciar os candidatos aprovados como segue:

Presidente eleito:  Clóvis Cavalcanti 

7 Os membros do Conselho:  
Joshua Farley (EUA)  /  Brynhildur Davidsdottir (Islandia)  /  Rajeswari Raina (Índia)  /  Jesus Ramon-Martin (Equador)  /  Zhu Daijian (China) /  Tatiana Kluvankova (Eslovaquia) /  Eva Cudlinova (República Checa)

Esperamos muito que os candidatos que não prevaleceu desta vez permanecerá envolvido e talvez vai concordar em ser cooptados nas várias comissões - há muito a ser feito, e o seu envolvimento será muito apreciada.

Para
Sociedade Internacional de Economia Ecológica (ISEE) 2016 Conference
Transformando a Economia: Manter alimentos, água, energia e Justiça
Washington DC 26-29 junho de 2016

Marina Fischer-Kowalski, Sabine O'Hara
Anne C. Aitken
Managing Editor - Economia Ecológica
Diretor Executivo - ISEE "

-------------------------------------------------- -

MINHA LIGAÇÃO COM A ECONOMIA ECOLÓGICA
Clóvis Cavalcanti.

Minha Aproximação da Economia ecológica começou em julho de 1964, when Ouvi o prof. Nicholas Georgescu-Roegen Falando na Fundação Getúlio Vargas (Rio). Eu Fazia Ai pós-graduação UMA de economia. Georgescu explicou o papel das leis da termodinâmica (e, obviamente, da entropia) No processo Econômico. Entre janeiro e março de 1970, professor fui visitante não Departamento de Economia da Universidade de Vanderbilt. Minha sala ( escritório ) era Vizinha à de Georgescu. Eu o via Diariamente. Conversávamos nessas ocasiões. Um dia, um Convite Seu, fui Jantar em Sua Casa.

O Que Mais me Marcou Nesse Período, porem, foi uma Leitura de Seu Livro Analytical Economics. Questões e problemas (Cambridge, EUA: Harvard University Press, 1967), em Cujo Prefácio Paul Samuelson, colega de Georgescu em Harvard, classifi-o Como "economista dos Economistas". A Natureza NÃO estava Sendo Leva em consideração na Equação do Desenvolvimento. Perceber ISSO e ler Georgescu-Roegen Só aguçou Minha Curiosidade em relaçao a examinar a Economia na ótica da ecologia. Coincidiu Que, nos Meus meses de Vanderbilt, li hum Livro muito bom de Erich Fromm: A Arte de Amar (Nova York: HarperCollins Publishers, 1956). A Leitura me Levou A pensar no Conteúdo da Reflexão de Fromm, OU SEJA, se o amor é Uma arte, O Que Exige Conhecimento e esforço, OU Uma sensação Agradável, cuja Experiência e Um lance de sorte, Alguma Coisa em Que se cai se a Ajuda fortuna. O livro Mostra Que amar E UMA arte. Amar a Natureza E UMA arte, portanto, impondo o Estudo da Natureza.

Escrevi Artigos NAS Décadas de 1970 e 1980, nenhum Jornal do Brasil , do Rio, ENTÃO o Mais Importante do país. ELES ofereciam Uma Visão Crítica da Teoria Econômica e do Desenvolvimento. Falei num Deles na Lei da Entropia em relaçao Ao Crescimento Econômico. Herman Daly o leu. Escreveu-me e Mandou Trabalhos SEUS. Ficamos em Contato from ENTÃO (eu encontrei Herman, Pela Primeira Vez, em março de 1970, em Yale, era ELE Onde hum companheiro visitante ). Em 1983, organizei hum Curso Durante a Reunião Anual da SBPC em Belém do Pará, Chamado, título Melhor POR falta de, de "A Economia dos Anos 80". Para Ele, convidei Como Expositores, Herman, e Dois Economistas dissidentes: Cristovam Buarque e Dirceu Pessoa (1937-1987), foi hum Sucesso. Um compareceram ELE 50 Alunos, Entre OS Quais Amélia Rodrigues Henríquez, that estudava Economia e se transformou em economista ecológica, Chegando a presidente da ECOECO (2010-2013)

Em maio de 1990, o Convidado Pelos organizadores, participei Como palestrante do I Encontro da Sociedade Internacional de Economia Ecológica (ISEE), em Washington, DC (EUA). Em SEGUIDA à Reunião de Washington (maio-jun., 1990), efetuou-se hum oficina em Wye Island (Maryland), congregando 25 PESSOAS (Kenneth Boulding, Herman Daly, Joan Martínez Alier, Richard NØRGAARD, John Proops, Garrett Hardin, Bob Costanza, Enzo Tiezzi, Silvio Funtowicz, Entre enguias). (Eds.) Tive a honra de Participar do Seminário, faça qua resultou o Livro de Costanza e Joyce Bartolomeu Economia Ecológica: a Ciência e Managemente de Sustentabilidade , fazer coautor sou qual. Nos Anos 90, colaborei na Instituição da ECOECO e da ANPPAS. Organizei Dois Seminários that were Básicos Nesse Processo. Em 1994, nenhum Engenho Massangana, com o título "Economia da Sustentabilidade". A ELE estiveram PRESENTES Peter May, Darrell Posey (1947-2001), Frank Jöst (do grupo de Reiner Manstetten), Ronaldo Seroa da Motta, Eduardo Viola, Paulo Freire Vieira (Ligado a Ignacy Sachs), etc. O Outro Encontro foi em Olinda (abril de 1996), Com Daly, Martínez Alier, Norgaard, Cutler Cleveland, Robert Goodland, Salah El Serafy, Peter May, Posey, Karl-Erik Eriksson e Mais gente. De Ambos OS eventos resultaram Livros. O Segundo foi Traduzido Para o inglês: O Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Políticas Públicas: Edifício de Sustentabilidade no Brasil (Cheltenham: Elgar, 1997).

Participei de Todos os Encontros da ISEE, EXCETO os de Montreal (2004) e Nairobi (2008). De Todos os da ECOECO, Menos o de Belém do Pará (1997). De Todos os da ANPPAS. Tambem me envolvi na Rede Ibero-Americana de Economia Ecológica (Redibec). Meu Desejo foi sempre o de contestar a Economia convencional Que aprendi inclusive com James Tobin, em Yale. Nisso, sigo O Que Georgescu deixou Como legado. Entendo Que a Economia Ecológica SEJA uma Visão ecológica da Economia; NÃO E, portanto, um ramo da Economia. A Economia Significa uma Visão Econômica da Economia. E a Economia ambiental e A Visão Econômica do Meio Ambiente. A Proposito, O Primeiro Curso de economia ambiental no Brasil foi dado por Mim no Segundo semestre de 1975, na Graduação de Economia da Universidade Federal de Pernambuco, Como Matéria Optativa.  

O Que Eu gostaria de Fazer na Condição de presidente eleito de e contribuir da forma Melhor Possível para quê um ISEE efetivamente represente Uma Força Para se introduzir nova forma de ver o Mundo Nenhuma Âmbito da Ciência com Respeito Às Relações Entre Economia e Natureza. Minha Perspectiva E exatamente uma MESMA de Herman Daly, Joan Martínez Alier, Nicholas Georgescu-Roegen. Julgo Que se DEVE PROMOVER Uma Ciência comprometida com o Bem-Estar Humano, com a busca da felicidade. A ISEE TEM Tudo parágrafo Realizar Esse papel, na Linha do that Daly propõe com Respeito à economia de estado estacionário . Em sintonia also com um RECENTE encíclica do Papa Francisco Laudato Si ' e com uma Experiência de 40 ano da filosofia da Felicidade Nacional Bruta, do Butão.

 ---------------------------------


ISEE President Elect Candidacy: Statement

Clóvis Cavalcanti

My approach of ecological economics began in July 1964, when I heard Nicholas Georgescu-Roegen speaking at the Getúlio Vargas Foundation (in Rio). I was doing there a graduate program in economics. Georgescu explained the role of the laws of thermodynamics (and obviously, entropy) in the economic process. Between January and March 1970, I was a visiting professor in the Department of Economics at the University of Vanderbilt, where Georgescu taught. My office was beside his. I saw him daily. We talked on those occasions. One day, at his invitation, I went to dinner at his house.

What most impressed me during this period, however, was reading his book Analytical Economics. Issues and Problems (Cambridge, USA: Harvard University Press, 1967), in whose preface Paul Samuelson, Georgescu’s colleague at Harvard, classifies him as an “economist's economist.” Nature was not being taken into account in the work of the conventional economist. To realize this and read Georgescu-Roegen only whetted my curiosity about examining the economy from the viewpoint of ecology. It coincided that in my months of Vanderbilt, I read a very good book by Erich Fromm, The Art of Loving (New York: HarperCollins Publishers, 1956). The reading led me to think about the content of the reflection of Fromm, that is, if love is an art, which requires knowledge and effort, or a pleasant sensation, whose experience is a fluke, something that falls to fortune help. The book shows that love is an art. To love nature is thus an art, therefore, imposing the study of nature itself.

In the 1970s and 1980s, as a regular contributor I wrote articles in the Jornal do Brasil newspaper, of Rio, then the most important in the country. They offered a critical view of economic theory and development. In one of them I spoke about the Entropy Law in relation to economic growth. Herman Daly read it. He then wrote to me and sent some of his works. We stayed in touch ever since (I met Herman for the first time in March 1970, at Yale, where he was a visiting fellow). In 1983, I organized a course at the annual meeting of SBPC (the Brazilian Society for the Advancement of Science) in Belém (state of Pará), called, for lack of a better title, ‘The Economics of the 80s”. To teach it with me, I invited as lecturers, Herman, and two dissident economists: my former student Cristovam Buarque (a Brazilian senator at present, and former minister of education and rector of the University of Brasília) and Dirceu Pessoa (1937-1987), with whom I wrote a book in the 1960s. It was a success, attended by about 50 students, including Amélia Rodrigues Henríquez, who then studied economics and later turned into an ecological economist, even becoming president of the Brazilian Society for Ecological Economics (ECOECO) in 2010-2013.

In May 1990, invited by the organizers, I participated as a speaker in the First Meeting of the International Society for Ecological Economics (ISEE) in Washington, DC (USA). Following the Washington meeting, a workshop took place at Wye Island (Maryland), bringing together around 25 people (Kenneth Boulding, Herman Daly, Joan Martínez Alier, Richard Norgaard, John Proops, Garrett Hardin, Bob Costanza, Enzo Tiezzi, Silvio Funtowicz, among them). I was honored to attend the seminar, which resulted in the book by Costanza and Joyce Bartholomew (eds.) Ecological Economics: the Science and Management of Sustainability, of which I am a co-author. In the 90s, I collaborated in the establishment of ECOECO and ANPPAS (Brazil’s National Association for Research and Graduate Studies on the Environment and Society). I organized two seminars that were basic in this process. The first one, in August 1994, at Engenho Massangana (state of Pernambuco), entitled “The Economics of Sustainability”. It was attended by Peter May, Darrell Posey (1947-2001), Frank Jöst (from Reiner Manstetten’s group), Steve Viederman, Ronaldo Serôa da Motta, Eduardo Viola, Paulo Freire Vieira (a student of Ignacy Sachs), and other people. The other meeting occurred in Olinda (Pernambuco) in April 1996, with Daly, Martínez Alier, Norgaard, Cutler Cleveland, Robert Goodland, Salah El Serafy, Peter May, Posey, Karl-Erik Eriksson and more people. Two books, which I edited, resulted from these events. The second one was translated into English: The Environment, Sustainable Development and Public Policy: Building Sustainability in Brazil (Cheltenham: Elgar, 1997).

I attended all the biennial meetings of ISEE, except those of Montreal (2004) and Nairobi (2008). Of all ECOECO congresses, I missed the third one, of Belém (Pará) in 1997. As to ANPPAS’s conferences, I attended all of them. Also I got involved in the Ibero-American Network of Ecological Economics (Redibec). My desire has always been to challenge the conventional economics I learned at the university, with teachers that include the Nobel laureate James Tobin at Yale. In this, I follow what Georgescu indicates. I understand that Ecological Economics is the ecological view of the economy; it is therefore not a branch of economics. Economics means the economic view of the economy. And environmental economics is the economic vision of the environment. By the way, the first course of environmental economics in Brazil was given by me in the second half of 1975 at the undergraduate level in the Faculty of Economics of the Federal University of Pernambuco, as an elective discipline. At that time I was in the transition from being an economist to becoming an ecological economist.


What I would like to do as President Elect of ISEE is to contribute in the best possible way for ISEE to effectively represent a force to introduce a new way of seeing the world within the scientific field with respect to the relations between the economy and nature. My perspective is exactly the same of Herman Daly, Joan Martínez Alier, Nicholas Georgescu Roegen. I think we should promote a science committed to human well-being, to the pursuit of happiness – the enjoyment of life, in Georgescu’s words. ISEE has everything to fulfill that role, in line with what Daly proposes with respect to the steady-state economy; in line also with Pope Francis’s recent encyclical Laudato Si’. And the forty-year experience of Bhutan’s Gross National Happiness philosophy.  



-------------------------------

Publicado da REVISTA ESTUDOS AVANÇADOS 24(68) 2010




Concepções da economia ecológica: suas relações com a economia dominante e a economia ambiental


Clóvis Cavalcanti[1]



Resumo
O trabalho aborda as relações natureza-sociedade com o propósito de ampliar o leque das teorias sociambientais disponíveis. Faz rápida revisão e avaliação crítica do pensamento econômico tradicional diante da dimensão ambiental do processo econômico. Mostra o esforço de se incorporar o meio ambiente ao modelo econômico e trata da atividade econômica sob a restrição ambiental. Introduz a perspectiva da economia ecológica e sua abordagem transdisciplinar, explorando implicações da visão integradora dela decorrente. Conclui com uma apreciação de tendências no pensamento econômico-ecológico lembrando nomes que as representam, com ênfase em Nicholas Georgescu-Roegen.

Palavras-chave: economia, economia ambiental, economia ecológica, termodinâmica, desenvolvimento sustentável.

Abstract. The paper deals with nature-society relationships with a view to enlarge the scope of available socio-environmental theories. It makes a review and critical evaluation of traditional economic thought in front of the environmental dimension of the economic process. It shows the effort to incorporate the environment into the economic model and explores the perspective of the economy under environmental restrictions. It introduces the notion of ecological economics and its transdisciplinary approach, examining some implications of its integrating view. It closes with an appreciation of tendencies in economic-ecological thinking, suggesting some names that represent them, with an emphasis on Nicholas Georgescu-Roegen.

Key words: economics, environmental economics, ecological economics, thermodynamics, sustainable development. 





1 Introdução

         O sentido deste trabalho é oferecer algumas considerações para reflexão sobre as relações natureza-sociedade, com o propósito de aumentar o leque das teorias disponíveis para discussões sociambientais no Brasil e no mundo Nesse sentido, faz tanto uma rápida revisão quanto avaliação crítica do posicionamento do pensamento econômico tradicional diante da dimensão ambiental do processo econômico (tarefa de suas seções 2 e 3, respectivamente). O esforço de incorporar o meio ambiente ao modelo econômico como apêndice deste último é objeto da seção 4, enquanto a 5 trata do condicionamento ambiental da atividade econômica, introduzindo a perspectiva da chamada economia ecológica, cuja abordagem transdisciplinar é objeto da seção 6. A seção 7 explora algumas implicações da visão integradora da economia ecológica. O trabalho se encerra com uma apreciação de tendências no pensamento ecológico e econômico-ecológico. Nomes importantes ligados aos temas tratados são oferecidos para ilustrar as diversas tendências, com ênfase para a contribuição de Nicholas Georgescu-Roegen (1906-1994).


2 Visão econômica da economia

O destacado economista austríaco, Prêmio Nobel de Economia de 1974, Frederick von Hayek (1899-1992), defendia na revista da London School of Economics, Economica, no início dos anos 1940, que nem mercadorias nem dinheiro, nem mesmo alimentos, podem ser definidos por suas qualidades físicas, e sim apenas em termos das opiniões que os agentes econômicos tenham a seu respeito (Martínez Alier & Schlüpmann, 1991, 182). Longe de constituir uma perspectiva isolada, essa é a visão dominante entre os economistas convencionais. A economia-ciência tradicional, com efeito, não considera quaisquer conexões que possam existir entre o sistema ecológico e as atividades de produzir e consumir que representam o cerne de qualquer sistema econômico (economia-atividade). O modelo econômico típico não contempla a moldura ou restrições ambientais. Cuida de focalizar tão-só fluxos e variáveis do domínio econômico, conforme indica a Fig. 1, encontrada em qualquer livro de introdução à economia (ver, por exemplo, Samuelson, 1967). No modelo (Fig. 1) apresentam-se fluxos monetários que circulam, em laço fechado, entre famílias e empresas, fazendo girar apenas valor de troca. Nada mais do que isso. Dinheiro vai e vem entre produtores (empresas) e consumidores (famílias). A natureza, aí, é o que ficou conhecido como uma “externalidade”.

Figura 1 - A economia-atividade como sistema isolado (visão econômica da economia

 



Nesse enfoque (que denomino de visão econômica da economia), o sistema econômico não encontra limites onde esbarrar. Ele pode tudo. É auto-suficiente. Sua expansão não envolve custos de oportunidade. Ou seja, não há trocas ou desgastes decorrentes de mais economia que precise destruir recursos, seja para extração, seja para despejo do lixo em que irremediavelmente termina o processo econômico. A economia ortodoxa trata impactos ambientais, se porventura deles se ocupa, como fenômenos externos ao sistema econômico, vistos como falhas de mercado. Para ela, as externalidades podem, com métodos adequados, ser internalizadas no sistema de preços: uma forma, supõe, de corrigir as falhas de mercado.
Em que realidade o esquema da Figura 1 pode se sustentar? Vale aqui lembrar o que diz o matemático e filósofo Alfred North Whitehead (1861-1947), em seu livro A Função da Razão (1985, 5). São suas palavras: “As formas mais elevadas de vida estão ativamente empenhadas em modificar o seu meio ambiente. No caso da espécie humana esse ataque efetivo ao meio ambiente é o fato mais notável de sua existência”. Tal ataque se desdobra em três etapas: (i) viver (garantir nossa sobrevivência – “obrigação” de todo organismo vivo); (ii) viver bem (dispor do melhor ambiente possível; ninguém sobrevive no próprio lixo); e (iii) viver melhor (conquistar novos patamares de qualidade de vida, um fenômeno cultural; aprimorar-se; progredir, prosperar). Cabe aqui então o fecho de Whitehead (1985, 5): “A função primordial da razão é direcionar o ataque ao meio ambiente”. Com o complemento de que “A função da razão é promover a arte da vida” (Whitehead, 1985, 3). Quer dizer: atacar o meio ambiente é algo inevitável. Não se vive sem lançar mão dele. A questão é como fazê-lo de forma inteligente, com uso da razão e o propósito de se viver melhor. Não há como admitir que se queira tratar de coisas físicas, de artefatos que juntam matéria e energia, sem considerar as implicações que daí decorrem em termos do meio ambiente.


3 Percepção crítica do modelo econômico convencional

Sobre isso há uma longa tradição do pensamento científico visando buscar argumentos para se encarar o reducionismo da ciência dos economistas. Martínez Alier (Martínez Alier & Schlüpmann, 1991, 9) organizou uma lista bastante diversa de cientistas nessa tradição, e de diferentes campos do saber, a qual inclui Fred Cottrel (1877-1948, físico-químico e inventor), o casal Anne (demógrafa-ecóloga) e Paul Ehrlich (entomólogo) – professores da Universidade de Stanford –, Herman Daly (economista ecológico, professor da Universidade de Maryland), Barry Commoner (biólogo, professor da Universidade de Washington), os irmãos Howard (1924-2002, ecólogo notável por seus estudos pioneiros sobre fluxos de energia nos ecossistemas) e Eugene Odum (1913-2002, zóologo e ecólogo), Gerald Leach (1934-2005, jornalista científico), David Pimentel (entomólogo, professor da Universidade de Cornell), Ivan Illich (1926-2002, padre, filósofo e crítico social), Kenneth Watt (ecólogo, professor da Universidade da California-Davis), René Passet (economista, professor da Sorbonne), Roy Rappaport (1926-1997, antropólogo ambiental, professor da Universidade de Michigan), Wolfgang Harich (1923-1995, filósofo-escritor, professor da Universidade Humboldt), Kenneth Boulding (1910-1993, economista crítico, professor da Universidade de Colorado-Boulder), Charles Perrings (economista ambiental, ex-presidente da Sociedade Internacional de Economia Ecológica, a ISEE, professor da Universidade do Estado do Arizona), Nicholas Georgescu-Roegen (matemático e economista heterodoxo, bioeconomista). À lista eu acrescentaria os nomes de Frederick Soddy (1877-1956, químico, Prêmio Nobel de Química de 1921), E. F. Schumacher (1911-1977, estatístico e economista) e Samuel Murgel Branco (1930-2003, biólogo, professor da USP, que não conheci pessoalmente, ao contrário de vários nomes da lista de Martínez Alier, incluindo este último). Branco é autor de livro, ao mesmo tempo, simples, desambicioso e penetrante sobre as conexões natureza-sociedade (Branco, 1999). Martínez Alier (2007, 47) ainda faz referência a três pensadores dos problemas ecológico-econômicos: Ignacy Sachs (economista heterodoxo, professor da Sorbonne), Roefie Hueting (economista ambiental e pianista, proponente da noção de renda nacional sustentável) e José-Manuel Naredo (economista ecológico e estatístico).
O que transparece da visão crítica sobre o pensamento ortodoxo da economia, nos nomes acima, é que não deveria haver dúvida de que considerar o processo econômico no marco do meio ambiente constitui necessidade imperiosa, talvez mesmo um dado banal. Como lembra, por exemplo, Hueting (1980), a renda nacional (ecologicamente) sustentável constitui um indicador do nível de produção que não constitui ameaça para as condições de vida de futuras gerações. Por que a economia convencional não trabalha com uma variável dessa significação? Devido, segundo os economistas ecológicos, à ótica mecanicista que prevalece na economia dominante. Como explica Georgescu-Roegen (1971, 1), os fundadores da ciência econômica tinham como única aspiração enquadrá-la nos parâmetros da mecânica. Na física, a mecânica conhece apenas locomoção, e a locomoção, além de reversível, não contempla mudança de qualidade, o contrário do que acontece na natureza, em que prevalecem fenômenos irreversíveis. Admitir que o fluxo circular da renda (Fig. 1) seja o único aspecto que interessa da vida econômica equivale a admitir que, na economia, o que importa é o fato de que dinheiro passa de mão em mão, continuamente, e não sofre mudança qualitativa (salvo o desgaste das cédulas que o representam). Com isso se tem um processo só com sistema circulatório e nenhuma digestão. A adesão dos economistas a um dogma mecânico constitui mistério. É que uma revolução ocorria na física no momento em que se dava a fundação dos alicerces da ciência econômica. A revolução consistiu no reconhecimento de que o calor se move em uma única direção, do corpo mais quente para o mais frio, o que exemplifica uma condição de irreversibilidade. É nesse marco que “a natureza fundamentalmente não-mecanicista do processo econômico revela-se de modo pleno” (Georgescu-Roegen, 1971, 3). Pois a atividade econômica consiste em produzir e consumir, ou seja, transformar recursos brutos em artefatos e, depois, em lixo, de maneira irreversível. Esse processo requer energia – e energia não pode ser reciclada –, tópico que pertence à esfera da termodinâmica, e não da mecânica.


4 Visão econômica da ecologia

Na ciência da economia convencional o meio ambiente não aparece nunca –como sugere uma consulta aos livros-texto normalmente utilizados (caso de Mankiw, 2004, o mais listado deles no mundo inteiro, atualmente). Há momentos, porém, em que falar do meio ambiente é importante no modelo. Um ajuste então se faz na forma de inclusão do meio ambiente como apêndice da economia-atividade, a qual continua sendo vista como o todo dominante; neste caso, o ecossistema possui a essência de um almoxarifado ou dispensa (ver a Fig. 2), podendo até ser pensado como um penduricalho. É este o campo de estudo conhecido como economia ambiental; no meu entender, poder-se-ia denominá-lo de visão econômica da ecologia. A economia do meio ambiente é considerada normalmente como um ramo da microeconomia. Seu foco é encontrar preços corretos para a alocação ótima de recursos (situações de máximo benefício, mínimo custo). É assim que ela é ensinada e praticada onde sua necessidade se manifesta. Com uma motivação central: internalizar custos ambientais a fim de se obterem preços que reflitam custos de oportunidade sociais marginais completos.


Figura 2 – O meio ambiente como apêndice da economia-atividade (visão econômica da ecologia)
 


Pode-se dizer que a teoria econômica não possui um capítulo de macroeconomia ambiental (ao contrário do que acontece com a microeconomia, verdadeiro sentido da economia do meio ambiente). A visão predominante do sistema econômico como um todo, retratada pelo fluxo circular da riqueza (Fig. 1), imagina a economia como sistema isolado. Daí, inexistir preocupação como o meio ambiente, recursos naturais, poluição e depleção. Um sistema isolado não possui entorno; não se conecta com algo que o constranja. Admitindo-se que a economia não possua a natureza de sistema isolado, sem laços com o exterior, vai caber uma mudança de perspectiva que retrate a macroeconomia como subsistema aberto, encaixado no ecossistema natural finito (meio ambiente). Isso significa abandonar o fluxo circular isolado, de valor de troca abstrato, não restringido pelo balanço de massa, entropia e finitude. Como frisa Daly (1991, 35), “As trocas físicas que cruzam a fronteira entre o sistema ecológico total e o subsistema econômico constituem a matéria-prima da macroeconomia ambiental”. Incluindo essas trocas físicas no modelo da economia, passa a ser decisivo determinar que volume de troca pode caber no contexto das relações natureza-economia. Quanto pode ser extraído e quanto pode ser devolvido ao meio ambiente através do processo econômico? Ou seja, qual é a escala da economia compatível com sua base ecológica? Vale, a propósito, usar aqui a imagem de um barco, cuja carga – estando distribuída de forma ótima no seu interior (solução do problema microeconômico) – deve respeitar a linha de calado. Quando a marca da água atinge essa linha, o barco está cheio; alcançou sua capacidade segura de carga (escala ótima). Os economistas ambientais, trabalhando com mercados, não elaboram o problema da carga ótima; interessa-lhes só a acomodação adequada da carga no barco. Os economistas ecológicos – apelando para princípios da física e ecologia – consideram que o tamanho da carga seja fundamental. Na concepção de uma possível macroeconomia do ambiente, a capacidade de carga, portanto, assume papel chave. É ela que vai delimitar o âmbito do desenvolvimento sustentável. É ela ainda que vai levar a que se considere como irrealizável a proposta do crescimento perpétuo, também chamado – de forma totalmente imprópria – de “crescimento sustentável”. Um crescimento sem fim, desse naipe, perfeitamente possível na visão econômica convencional e na visão econômica do meio ambiente, caracteriza a prioridade do governo brasileiro em 2010, consubstanciada na proposta do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do governo do presidente Lula da Silva. E esse é igualmente o paradigma da evolução econômica mundial, da China aos EUA, de Angola à Índia.


5 Visão ecológica da economia

A economia ecológica vai surgir porque cem anos de especialização da pesquisa científica deixaram o mundo incapaz de entender ou conduzir as interações entre os componentes humano e ambiental do planeta. Enquanto ninguém questiona os insights que a especialização científica trouxe, muitos de nós reconhecemos que ela se tornou também nosso calcanhar-de-aquiles. Num mundo interconectado em evolução, a ciência reducionista alongou o leque de conhecimento em muitas e distintas direções, mas nos privou de idéias sobre como formular e resolver problemas que brotam das interações entre os seres humanos e a esfera natural. De que forma o comportamento humano se articula com mudanças nos ciclos hidrológico, de nutrientes e de carbono? Quais são as formas de retro-alimentação entre os sistemas social e natural, e como tais formas influenciam os serviços que recebemos dos ecossistemas? A economia ecológica (EE), como campo de estudo, tenta responder a questões de tal ordem.
A crescente percepção de que o sistema ecológico de sustentação da vida encontra-se cada vez mais ameaçado constitui, deveras, o ponto de partida da reflexão que deu origem formal à economia ecológica. Há um enfrentamento constante entre natureza e sociedade, meio ambiente e economia, com incertezas, percalços, urgências e novas fronteiras. Conflitos aparecem desafiando a tendência à valoração puramente monetária (como a do “mercado”, por exemplo) de situações essenciais para a vida humana. Na EE um tema central é exatamente a incomensurabilidade de valores diante do econômico (Martínez Alier, 2007, 23). Foi esse, com efeito, um consenso do workshop realizado no Aspen Institute (Wye Island, Maryland, EUA), em 24-26.5.1990 – do qual participei, com mais 37 pessoas[2], e do qual resultou um livro coletivo (Costanza, 1991). Esse livro fundador classifica a EE como “ciência e gestão da sustentabilidade”. No contexto da EE, ela vai diferir tanto da economia como da ecologia convencionais, em termos da envergadura dos problemas de que deve cuidar. Do mesmo modo, deve penetrar a fundo na compreensão das interações meio ambiente-economia. Não pode haver dúvida, assim, de que a EE vê a economia humana como parte – ou subsistema – do todo maior que é a natureza e que a esta se submete de uma forma ou de outra. Tal é seu paradigma, que se procura retratar na Fig. 3.

Figura 3 - A economia-atividade como sistema aberto dentro do ecossistema (visão ecológica da economia)
 

A questão que se impõe na Fig 3 é conceber a economia-atividade como sistema aberto dentro do ecossistema (o ecossistema é o todo; a economia, uma parte). Matéria e energia entram no sistema econômico, passam pelo processo que se chama em inglês de throughput (uma tradução de throughput para o português poderia ser “transumo”) e viram lixo ou matéria e energia degradadas. O significado do transumo é o mesmo do fluxo metabólico de um organismo vivo. O organismo assimila recursos externos que provêm do meio ambiente e devolve a este a sujeira que resulta do metabolismo, depois que a parte útil dos recursos é utilizada. Aí não há propriamente criação de riqueza. Há, sim, transformação de matéria e energia de baixa entropia (recursos) em matéria e energia de alta entropia (lixo) – como estabelecem as incontornáveis leis da termodinâmica. À perspectiva termodinâmica da EE pode-se atribuir a característica de visão ecológica da economia. Segundo ela, o sistema econômico tem aparelho digestivo, além do circulatório imaginado pela economia convencional. É essa também a compreensão biofísica do processo econômico, de Georgescu-Roegen (1971).
A visão é termodinâmica porque, como qualquer atividade significa uma transformação de energia – é assim que os seres humanos sobrevivem, como se sabe da biologia (convertendo comida, ou seja, energia química, em movimento, isto é, energia mecânica) –, compete ao capítulo da física que estuda o campo das transformações energéticas explicar as regras sob as quais isso acontece. E tal capítulo é precisamente o da termodinâmica, com suas leis duras e implacáveis (Georgescu-Roegen, 1971), às quais a economia tem que se submeter, pois não há alternativa (Branco, 1999). Encarando o processo econômico com tal ótica, a economia ecológica implica uma mudança fundamental na percepção dos problemas de alocação de recursos e de como eles devem ser tratados, do mesmo modo que uma revisão da dinâmica do crescimento econômico. A ênfase no mercado como mecanismo de distribuição de recursos deve ser normalmente reservada apenas para os casos em que se busca uma alocação eficiente de recursos preexistentes (que é o que a estática microeconômica estuda). Quando se trata da situação em que novos recursos estão sendo mobilizados (os economistas de qualquer estirpe chamariam a isso expandir as dimensões da caixa de Edgeworth), tema que se localiza no âmbito da macrodinâmica econômica, o caminho abre-se para a unificação sobre bases biofísicas dos sistemas ecológicos e econômicos como formas interdependentes e co-evolutivas – principal tarefa e desafio da EE.


6 Transdisciplinaridade da economia ecológica

Ao se propor um rompimento de paradigma – ou de visão pré-analítica, como diria Joseph Schumpeter (apud Daly, 1996) – não se está defendendo, com a EE, um dogma de fé. Cumpre reconhecer a inquestionável evidência de que não existe sociedade (nem economia) sem sistema ecológico, mas pode haver meio ambiente sem sociedade (e economia). Enquanto isso, a economia (ciência econômica) convencional trata apenas da espécie humana, esquecendo todas as outras, e a ecologia convencional estuda todas as espécies, menos a humana. Ao constatar, em ambos os casos, a necessidade de superar a estreiteza disciplinar que impede uma visão de conjunto da problemática ecológico-econômica, a EE surge sem dependência disciplinar, seja da economia, seja da ecologia, resultando, ao revés, numa tentativa de integração de ambas. Sua visão de mundo teria, pois, que ser transdisciplinar, com foco nas relações entre ecossistemas e sistemas econômicos no sentido mais amplo possível. Como dizem Costanza, Daly e Bartholomew (1991, 3), “Por transdisciplinar queremos dizer que a economia ecológica vai além de nossas conceituações normais das disciplinas científicas e tenta integrar e sintetizar muitas perspectivas disciplinares diferentes”. Cabe aqui a observação de que nenhuma disciplina possui precedência intelectual sobre qualquer outra em matéria de realização da sustentabilidade. Isso se aplica à física, à biologia, à ecologia – e à economia. Por outro lado, a segmentação das disciplinas é uma convenção acadêmica, enquanto os problemas que interessam não se localizam no âmbito da disciplina A ou B. A universidade tem disciplinas (unidimensionais); o mundo real tem problemas concretos (multidimensionais; caso dos sócio-ambientais).
Fronteiras disciplinares são construtos acadêmicos arbitrários. O aparecimento da EE se direciona para o tratamento desse embate. A conclusão não pode ser outra: a EE não constitui um ramo da economia (nem da ecologia, é claro). Tanto poderia se chamar economia ecológica quanto ecoeconomia, ou ainda ecologia econômica. José Eli da Veiga (2007) tem proposto que, ao invés de EE, se fale de uma economia socioambiental. O fato de se haver adotado o termo “economia ecológica”, que pode facilmente levar a confusão com a noção de economia ambiental, é motivo de não poucos equívocos. Para esclarecer de modo mais efetivo a questão, pode-se imaginar uma escala que leve do ecológico ao econômico, o que é feito na Fig. 4. As disciplinas da ecologia e da economia podem ser colocadas como pontos extremos da escala. A primeira cuida apenas do mundo da natureza, com exclusão dos humanos, enquanto a segunda considera exclusivamente a realidade humana – como o fazem também, de modo geral, as ciências sociais –, considerando o ecossistema uma externalidade. Mais próxima da ecologia, um pouco no centro da escala, vai aparecer a economia ecológica. À sua direita, aproximando-se da economia, localiza-se a economia ambiental. Não há qualquer sentido normativo nessa confrontação. A economia ambiental aplica aos problemas ecológicos as ferramentas da economia neoclássica. Olha o meio ambiente; mas seu propósito é internalizá-lo no cálculo econômico. Ou seja, valorá-lo monetariamente: dar aos preços a condição de refletir valores hipotéticos para serviços e funções da natureza. Já a EE tem como propósito dizer em que medida o uso da natureza pode ser feito sustentavelmente.

Figura 4 – Relações entre as disciplinas da ecologia e economia
 


7 Implicações da visão integradora da economia ecológica

Como economista ecológico, indagado sobre qual a principal tarefa da ciência econômica, sinto-me inclinado de seguir a corrente que dá ênfase a seu papel de explicar comportamento humano condicionado pela escassez. A vida é uma sucessão contínua de escolhas que representam o confronto de diferentes valorações. Isto ocorre porque, de algum modo, os recursos – inclusive e, sobretudo, o tempo – são escassos. Portanto, a realização dos fins humanos é restringida pela escassez dos meios. Se um fim é preferido, isto envolve o sacrifício de outros – uma realidade que embasa o conceito de custo de oportunidade do economista. Não é por outra razão que uma das mais bem conhecidas definições da economia sublinha o fato de que a economia “é a ciência que estuda o comportamento humano como uma relação entre fins e meios escassos que têm usos alternativos” (Robbins, 1984, 16). Na concepção do fundador da economia neoclássica, Alfred Marshall (1961, xv), por outro lado, a teoria econômica diz respeito principalmente a seres humanos que são impelidos para a mudança e o progresso. Sua definição de economia, que ele iguala à economia política, consiste em ressaltar que ela se dedica ao exame “daquela parte da ação individual ou social que está mais estreitamente conectada com o alcance e o uso dos requisitos materiais do bem-estar” (Marshall, 1961, 1). Esta é uma interpretação que se enquadra dentro dos moldes da economia como uma disciplina que trata de escolhas, como na análise de comportamento do consumidor sob condições de desejos ilimitados e recursos finitos. Implícita nessa visão encontra-se a idéia de que se comportar de maneira econômica significa tornar a atividade de uma pessoa ou de uma organização “eficiente”, ao invés de esbanjadora (Knight, 1965, 510). Significa escolher o curso de ação menos custoso ou aquele que maximiza os benefícios líquidos da ação.
Uma implicação óbvia da perspectiva econômico-ecológica é que o sistema econômico, ao se expandir, incorre em custos de oportunidade ambientais positivos (o meio ambiente é escasso). Se esses custos já foram tão ínfimos que se podia ignorá-los, o fato é que mais economia implica menos meio ambiente. Seria bom que não fosse assim. É aqui que se chega à conclusão de que a visão de mundo prevalecente, que dá ênfase inusitada ao crescimento econômico como solução para tudo, como prioridade absoluta em relação a outros objetivos, termina podendo ser classificada como fé, fetiche, mania, dogma. Sem dúvida, ao mesmo tempo, forma-se uma confusão entre crescimento (aumento) e desenvolvimento (evolução, transformação, “promoção da arte da vida”). A visão econômica da economia preceitua que não há custos ambientais de oportunidade para o processo macroeconômico. Ao mesmo tempo, alguns economistas chegam a dizer, como no exemplo dado por J.R. McNeill (2000), que “o mundo, com efeito, pode continuar seu negócio sem recursos naturais”. Na microeconomia, como se sabe, prevalece o cálculo (conceito) do ótimo (eficiência máxima da alocação de recursos escassos). Trata-se da regra de quando é para parar a expansão da escala (da firma). Enquanto isso, na macroeconomia prevalece a busca do crescimento ilimitado. O ótimo do crescimento (ou quando o crescimento deveria parar) não a sensibiliza.
A perspectiva da EE é de que existirá uma escala máxima sustentável do sistema econômico com respeito ao ecossistema, escala essa a ser determinada pela comparação de benefícios econômicos com custos ambientais marginais – como se faz no caso do equilíbrio da firma. Ao se acionar a economia, de fato, não se pode ignorar que a depreciação dos ativos naturais (capital natural) é real. Quer dizer, existem custos de oportunidade ecológicos. Aumentar a produção econômica implica sacrifício de recursos, tais como florestas, solo, água, ar, biodiversidade, estabilidade climática, etc. Ter noção desse problema leva à necessidade da visão ecológica da economia. Em síntese, trata-se de encontrar a escala ótima do macrossistema econômico, permitindo a separação entre (i) crescimento genuinamente econômico (quando os benefícios marginais do aumento da economia superam os custos marginais ambientais do processo) e (ii) crescimento antieconômico (quando, pelo contrário, os benefícios marginais do aumento da economia se tornam inferiores aos custos marginais). Supõe-se, é claro, que, em algum momento, benefícios e custos marginais se igualem. A cosmovisão da EE internaliza o sistema econômico na natureza. Ou, como adverte um expoente distinguido da economia convencional (The Economist, coluna “Face Value”, 4.7.2009): “you cannot negotiate with nature” (não se pode negociar com a natureza).
O problema é que as prioridades econômicas atropelam sistematicamente considerações de ordem ecológica. Quando se atribuem preços aos recursos naturais – o que acontece com aqueles que têm mercado como o petróleo –, tais valores constituem invariavelmente uma subestimação. Na contabilidade econômica nacional tradicional, um valor zero é implicitamente conferido a todos os recursos da natureza, dando-lhes a condição de “bens livres”. Mas que valores se poderiam usar nesses cálculos? É difícil dizer, especialmente quando há coisas, como a vida em geral ou como uma espécie biológica ameaçada de extinção, em particular, que, certamente, possuem valor infinito. No entanto, a realidade impõe que se busque alguma forma de valoração. Pois pior é ver o valor econômico da floresta amazônica em pé, por exemplo, reduzido a zero, embora a selva constitua, como se sabe, fonte insubstituível de um elenco de benefícios ecológicos que vão da regulação do clima e da água, do ciclo dos nutrientes, tratamento do lixo, recreação, produtos não-madeireiros da floresta, conservação da biodiversidade, etc., até os chamados benefícios de opção e existência.
            O perigo de atribuir-se valor monetário a bens e serviços ecológicos, por sua vez, é tanto de levar a que se acredite que eles valem aquilo que os cálculos mostram, quanto de fazer pensar que ativos naturais possam ser somados a ativos construídos pelos humanos (ambos referidos à mesma base em dinheiro), tornando-os substituíveis. Na essência do conceito, porém, a sustentabilidade ecológica deve ser vista como manutenção de estoques físicos de capital natural, não a de seus correspondentes valores monetários – uma questão que conduz àquilo que se chama de “sustentabilidade forte”. É aqui que entra a necessidade de uma visão ecológica da economia, a qual não se pode confundir com a economia ambiental. A análise econômica com base em conhecimento ecológico tem como uma de suas missões promover a modelagem dos elos ecológicos que determinam as interfaces entre sistemas naturais e econômicos (ou “produtivos”).


8 Pensamento ecológico e econômico-ecológico

            Resumindo: a economia convencional exclui a natureza como externalidade do processo econômico; a economia ambiental se preocupa em dar preço à natureza, com a tendência de vê-la como amenidade (uma idéia implícita na noção vulgar do “verde”); e a economia ecológica atribui à natureza a condição de suporte insubstituível de tudo o que a sociedade pode fazer.  A visão econômica tradicional inclui não só o pensamento da economia neoclássica de Hayek, Milton Friedman (1912-2006), Robert Solow e seus seguidores (no Brasil, nome ilustre é o de Mário Henrique Simonsen, 1935-1997), como também o dos keynesianos, marxistas, institucionalistas, estruturalistas, monetaristas, economistas políticos: um verdadeiro pensamento único. Entre os brasileiros não-neoclássicos, Celso Furtado (1920-2004) sobressai por se afastar desse molde de pensamento único, tentando dar ênfase a fatores ambientais no desenvolvimento econômico (Furtado, 1974), o que não acontece na obra de Luiz Carlos Bresser Pereira, Maria da Conceição Tavares, Edmar Bacha ou Affonso Celso Pastore, por exemplo. Representantes ilustres da economia ambiental são Harold Hotelling (1895-1973), Partha Dasgupta, Anil Markandya, Joseph Stiglitz, Nicholas Stern, David Pearce, R. Kerry Turner. No Brasil: Ronaldo Serôa da Motta, Maurício Tolmasquin, Carlos Eduardo (Cadu) Young, Antônio Evaldo Comune, Francisco Ramos.
            Quanto à economia ecológica, citar nomes que a pratiquem requer que se defina o leque de tendências que se manifestam quanto a perspectivas de entendimento dessa área de investigação. Na verdade, a EE não se define como uma ciência. O que brotou na reunião de Wye Island em junho de 1990 foi a sugestão de considerá-la como “campo emergente transdisciplinar de estudo” (Costanza, Daly e Batholomew, 1991, 3) com a pretensão de cobrir espaços não abarcados pelas disciplinas científicas existentes. Seria uma “orquestração de ciências” (Martínez Alier, 2007, 67), comportando diversidade de pensamento entre os ecologistas mesmo. Martínez Alier (2007, 21) distingue três correntes principais do ambientalismo, com vários elementos comuns que as identificam, todas elas, porém, desqualificadas, ignoradas ou depreciadas pelos antiecologistas (aqueles que vêem o meio ambiente com uma “barreira ao desenvolvimento”). Uma corrente ambientalista é a do “culto ao silvestre”, do valor sagrado da natureza, da ecologia profunda, da atitude biocêntrica. Outra corrente se poderia chamar de “evangelho da ecoeficiência”: um ecologismo de resultados que se preocuparia com os efeitos do crescimento econômico. Finalmente, a terceira corrente é a do “ecologismo dos pobres”, caracterizada pelo interesse material nos “recursos e serviços ambientais proporcionados pelo meio natural para a subsistência humana” (Martínez Alier, 2007, 335). A argumentação do ecologismo dos pobres propõe que a luta entre economia e ecologia não pode ser resolvida pela internalização das externalidades, nem pela modernização ecológica ou pela ecoeficiência. Ela levanta a discussão quanto à “incidência desigual dos danos ambientais ante não só as demais espécies ou as futuras gerações de humanos, mas em nossa própria época” (Martínez Alier, 2007, 89). Central para o ecologismo dos pobres é o tema da incomensurabilidade dos valores. Nesse particular, a tarefa da EE seria estudar diferentes processos de tomada de decisão num contexto de “comparabilidade fraca de valores”, além de conflitos distributivos e “incertezas sem solução” (Martínez Alier, 2007, 55). Nas valorações monetárias, a relevância de um serviço da natureza para o mercado é o fator que conta. Entretanto, serviços da natureza possuem múltiplos significados. Um mangue, por exemplo, além de seu papel econômico, importa do ponto de vista da paisagem, da sobrevivência de populações vizinhas, da cultura, do sagrado. Daí resultam diferentes valores que demandam uma visão integrada das dimensões física, social, cultural e espiritual do ecossistema. É como sublinha Martínez Alier (2007, 355): “Quando as pessoas de cor eram obrigadas a viajar sentando-se na última fileira de bancos dos veículos nos Estados Unidos, isso não podia ser compensado na escala da dignidade humana, com uma passagem mais barata”.
            O maior nome da EE no mundo hoje, é o de Herman Daly, que tende a combinar elementos das três correntes do ecologismo. Ele foi aluno de Georgescu-Roegen e tem elaborado a visão termodinâmica do processo econômico em novas direções. Outro nome de peso é o de Martínez Alier, que foi presidente da ISEE (em 2006-2007), devendo ser enquadrado no ecologismo dos pobres (ele tem se dedicado ao estudo de movimentos populares ambientalistas como o Chipko, na Índia, e o das reservas extrativistas de Chico Mendes). Robert Goodland, ecólogo, está perto do culto ao silvestre. Ann Mari Jansson, economista, liga-se à ecoeficiência, assim como, no Brasil, Peter May (ex-presidente da Sociedade Brasileira de Economia Ecológica, Eco-Eco, e da ISEE), Maurício Amazonas (ex-presidente da Eco-Eco) e Ademar Romeiro (ex-presidente igualmente da Eco-Eco). José Eli da Veiga figura numa categoria que combina ecoeficiência e ecologismo dos pobres. Osório Viana aproxima-se da posição de Martínez Alier. Charles Mueller se identifica com Georgescu-Roegen e Herman Daly. Armando Mendes é de uma visão mais para o humanismo ecológico.
            Classificações são sempre arbitrárias. No caso dos economistas ecológicos uma divisão de tendências poderia ser entre os que defendem uma sustentabilidade forte (caso de Herman Daly) – situação em que capital da natureza e capital construído pelos humanos não são substitutos – e os que se inclinam por uma sustentabilidade fraca (os dois tipos de capital seriam perfeitos substitutos, conforme postula a economia convencional). Um nome desta última linha é o do sueco Karl-Göran Mahler.
            De modo geral, no entanto, a economia ecológica está alicerçada no pensamento de Georgescu-Roegen (1971). Segundo este, o sistema econômico consome natureza (matéria e energia de baixa entropia, que são os meios fundamentais à disposição do mundo), inexoravelmente fornecendo lixo (matéria e energia de alta entropia) de volta ao sistema natural (Fig. 3). Simultaneamente, proporciona um fluxo de prazer ou bem-estar psíquico aos indivíduos que compõem a sociedade, justificando assim sua existência. A produção de bens e serviços econômicos nada mais é, sem dúvida, do que a oportunidade material para que as pessoas consigam chegar à realização da felicidade. Nisso consiste a missão da economia, um sistema organizado para converter matérias-primas e energia de baixa entropia em lixo e energia térmica dissipada de alta entropia. Cumpre ao ser humano definir de que forma o sistema econômico vai lhe prestar o serviço de facilitar sua vida – tarefa da razão, segundo Whitehead (1985). Nessa compreensão, a ordem no sistema econômico, sua capacidade de produzir coisas úteis e nos oferecer meios para nossa satisfação, só pode ser mantida com um fluxo constante de matéria-energia de baixa entropia. Em outras palavras, nossa fonte primordial de bem-estar é um sistema natural onde predomina a ordem. Por esse raciocínio se inclina a quase totalidade dos autores dos 32 capítulos do livro fundador da EE (Costanza, 1991), bem como economistas ecológicos da nova geração como Joshua Farley e Amélia Rodrigues Enríquez (atual presidente da Eco-Eco). No final, um denominador comum dos praticantes da EE reside na defesa do desenvolvimento (ecologicamente, mas também social e economicamente) sustentável. O que, no fundo, implica qualificar algo que dispensa adjetivos. Na verdade, se o desenvolvimento não for sustentável – o que significa que seja insustentável –, não será desenvolvimento. Constituirá um processo destinado ao fracasso, uma mentira (geralmente encapada pelo credo do crescimento). Em essência, os economistas ecológicos tendem a adotar esta última postura.


Referências bibliográficas

BRANCO, Samuel Murgel. Ecossistêmica: uma abordagem integrada dos problemas do meio ambiente. São Paulo: Edgar Blücher, 1999, 2ª ed..

COSTANZA, Robert (org.). Ecological economics: the science and management of sustainability. Nova York: Columbia University Press, 1991.

COSTANZA, Robert, DALY, Herman & BARTHOLOMEW, Joy A. Goals, agenda and policy recommendations for ecological economics. In: COSTANZA, Robert (org.). Ecological economics: the science and management of sustainability. Nova York: Columbia University Press, 1991, p. 1-21.

DALY, Herman. Beyond growth: the economics of sustainable development. Boston: Beacon Press, 1996.

DALY, Herman. Elements of environmental macroeconomics. In: COSTANZA, Robert (org.). Ecological economics: the science and management of sustainability. Nova York: Columbia University Press, 1991, p. 32-46.

DALY, Herman & FARLEY, Joshua. Ecological economics: principles and applications. Washington, D.C.: Island Press, 2004.

FURTADO, Celso. O mito do desenvolvimento econômico. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1974.

GEORGESCU-ROEGEN, Nicholas. The entropy law and the economic process. Cambridge, Mass., EUA: Harvard University Press, 1971.

HUETING, Roefie. New scarcity and economic growth: more welfare through less production?. Amsterdam: North-Holland, 1980.

KNIGHT, Frank. Anthropology and economics. In: HERSKOVITS, Melville J. Economic anthropology: the tconomic life of primitive peoples. Nova York: W.W. Norton, 1965, p. 508-523.

MANKIW, N. Gregory. Principle of economics. Nashville: Southwestern, 2004.

MARSHALL, Alfred. 1961. Principles of Economics, vol. I. Londres: Macmillan, 1961, 9ª edição (variorum).

MARTÍNEZ ALIER, Joan. O ecologismo dos pobres: conflitos ambientais e linguagens de valoração. Trad. Mauricio Waldman. S. Paulo: Contexto, 2007.

MARTÍNEZ ALIER, Joan & SCHLÜPMANN, Klaus. La ecología y la economía. México: Fondo de Cultura Económica, 1991.

MCNEILL, J.R. 2000. Something new under the sun: un environmental history of the twentieth-century world. New York: W.W. Norton, 2000.

ROBBINS, Lionel Baron. 1984. An Essay on the Nature and Significance of Economic Science. London: Macmillan, 1984, ed.

SAMUELSON, Paul. Economics. An introductory analysis. Nova York: McGraw-Hill e Tóquio, Kogakusha, 1967, 7a. ed.

VEIGA, José Eli da. A emergência socioambiental. S. Paulo: Senac, 2007.

WHITEHEAD, Alfred North. A função da razão. Trad. Fernando Dídimo. Brasília: Editora da UnB, 1985.



[1] Mestre, pesquisador titular da Fundação Joaquim Nabuco, professor adjunto da Universidade Federal de Pernambuco, organizador do livro The Environment, Sustainable Development and Public Policies: Building Sustainability in Brazil. Cheltenham, Reino Unido; Northampton, Mass., EUA: Edward Elgar, 2000. E-mail: .
[2] Entre eles: Charles Perrings (economista), Colin Clark (matemático), Cutler Cleveland (geógrafo), Enzo Tiezzi (químico), Garrett Hardin (1915-2003, biólogo), Herman Daly (economista ecológico), Joan Martínez Alier (economista ecológico), Kenneth Boulding (1910-1993, economista ecológico), Mary Clark (bióloga), Richard Norgaard (economista de recursos naturais), Robert Costanza (oceanógrafo), Silvio Funtowicz (filósofo), Talbott Page (economista do meio ambiente), Tomasz Zylicz (economista do meio ambiente). Fui um dos participantes, talvez por descuido dos organizadores.

 --

estudos avançados 24 (68), 2010 53
Conceptions of Ecological
Economics: its Relationship
with Mainstream and
Environmental Economics
Clóvis Cavalcanti

Introduction
The purpose of this paper is to offer some considerations for a reflection
about nature-society relationships, with a view to increasing the array of
available theories for socio-environmental discussions in Brazil, and the
world as well. In this sense, it is as much a quick review as a critical evaluation
of traditional economic thinking in the face of the environmental dimension of
the economic process (the task of the second and third sections of the paper,
respectively). The endeavor of incorporating the environment as an appendix to
the dominant economic model is the object of the fourth section, while the fifth
deals with the environmental conditioning of the economic activity, introducing
the perspective of so-called ecological economics, with its transdisciplinary
approach, as the object of the sixth section. The seventh section explores some
implications of the integrated vision of ecological economics. The paper closes
with an appreciation of the tendencies of ecologism and economic-ecological
thinking. Important names connected to the subjects treated are offered in order
to illustrate the various tendencies, with an emphasis on the contribution of
Nicholas Georgescu-Roegen (1906-1994).

Economic Vision of the Economy
The celebrated Austrian economist Frederick von Hayek, 1974 Nobel
Prize in Economics, argued at the beginning of the 1940s in the journal of the
London School of Economics, Economica, that neither merchandise nor money,
nor even food could be defined by their physical qualities, but only in terms of
the opinions that economic agents have concerning them (Martínez Alier &
Schlüpmann, 1991, p.182). Far from constituting an isolated perspective, this is
the dominant vision among conventional economists. The traditional science of
economics, in effect, does not consider any connections that can exist between
54 estudos avançados 24 (68), 2010
the ecological system and the activities of production and consumption that
represent the kernel of any economic system. The typical economic model does
not contemplate the framework of environmental restrictions. It cares to focus
only on flows and variables in the economic domain, as indicated in Figure 1,
found in any introductory textbook on economics (see, for example, Samuelson,
1967). In the model (Figure 1), money circulates in a closed loop between
families (consumers) and firms (producers), allowing only the movement of
exchange value. Nothing more than this. Money comes and goes between
producers and consumers. Nature, there, is what has become known as an
“externality”.
Figure 1 –The economy as an isolated system (economic vision of the economy).
In this perspective (that I call the economic vision of the economy), the
economic system finds no limits. It can do everything. It is self-containing. Its
expansion involves no opportunity costs. In other words, there are no exchanges
nor any degradation derived from more economy that needs to destroy resources,
whether for extraction, or for dumping the waste to which the economic process
inevitably leads. If perchance, orthodox economics deals with environmental
impact, it is to treat it as a phenomenon external to the economic system, as a
market failure. For it external factors can, with adequate methods, be internalized
within the price system: a means, supposedly, for correcting market failure.
On what reality can the scheme of Figure 1 be based? It is worth recalling
here what the mathematician and philosopher Alfred North Whitehead said,
in his 1944 book The Function of Reason (1985, in Portuguese, p. 5). In
his words: “The higher forms of life are actively engaged in modifying their
estudos avançados 24 (68), 2010 55
environment. In the case of mankind this active attack on theenvironment is the
most prominent fact in its existence.” Such an attack unfolds in three stages: (i)
living (guaranteeing our survival – an “obligation” of every living organism);
(ii) living well (deploying the best environment possible; no one survives in
his own litter); and (iii) living better (conquering new levels of quality of life,
a cultural phenomenon; improving; progressing, prospering). Here then is
Whitehead’s thrust: “The primary function of reason is to direct the attack on
the environment” (ibid), with the corollary that “The function of reason is the
promotion of the art of life.” (ibid, p.3). That is to say: attacking the environment
is something inevitable. There is no living without making a bid for it. The
question is how to do it in an intelligent manner, using reason and the goal of
living better. There is no way to admit to wanting to deal with physical things,
artifacts that combine matter and energy, without considering the implications
derived from them in terms of the environment.
Critical Perception of the Conventional Economic Model
There is a long tradition of scientific thinking attempting to find
arguments to confront the reductionism of science by economists. Martínez Alier
(Martínez Alier & Schlüpmann, 1991, p.9) organized a sufficiently diverse list
of scientists in this tradition, from different fields of knowledge, which includes
Fred Cottrel (1877-1948, physicist-chemist and inventor), the couple Anne
(demographer-ecologist) and Paul Ehrlich (entomologist) – professors at Stanford
University –, Herman Daly (ecological economist and professor at the University
of Maryland), Barry Commoner (biologist and professor at the University of
Washington), the Odum brothers (both ecologists), Howard (1924-2002, notable
for his pioneering studies about energy flows in ecosystems) and Eugene (1913-
2002, zoologist), Gerald Leach (1934-2005, science journalist), David Pimentel
(entomologist and professor at Cornell University), Ivan Illich (1926-2002,
priest, philosopher, and social critic), Kenneth Watt (ecologist and professor
at the University of California-Davis), René Passet (economist and professor
at the Sorbonne), Roy Rappaport (1926-1997, environmental anthropologist
and professor at the University of Michigan), Wolfgang Harich (1923-1995,
philosopher-writer and professor at Humboldt University), Kenneth Boulding
(1910-1993, critical economist and professor at the University of Colorado-
Boulder), Charles Perrings (environmental economist, ex-president of the
International Society for Ecological Economics (ISEE ) and professor at Arizona
State University), Nicholas Georgescu-Roegen (mathematician and heterodox
economist, bioeconomist).
To this list I would add the names of Frederick Soddy (1877-1956,
chemist, Nobel Prize in Chemistry, 1921), E. F. Schumacher (1911-1977,
statistician and economist) and Samuel Murgel Branco (1930-2003,biologist and
professor at US P, who I didn’t know personally, in contrast to the various names
56 estudos avançados 24 (68), 2010
on the Martínez Alier list, including this last). Branco (1999) is author of a book,
which at the same time is simple, unassuming, and penetrating about nature-society
connections. Martínez Alier (2007, p.47) also makes reference to three thinkers
about ecological-economic problems: Ignacy Sachs (heterodox economist and
professor at the Sorbonne), Roefie Hueting (environmental economist and pianist,
proponent of the notion of national sustainable income) and José-Manuel Naredo
(ecological economist and statistician).
What is transparent in the critical vision about the orthodox thinking in
economics in the names cited, is that there should be no question that considering
the economic process within the mark of the environment constitutes an imperious
necessity, perhaps even a banal accomplishment. As recalled by Hueting (1980),
for example, national (ecologically) sustainable income constitutes an indicator of
the level of production that represents no threat to the conditions of life of future
generations. Why does conventional economics not work with a variable of this
significance? For the reason, according to ecological economists, that a mechanistic
view prevails in dominant economics. As Georgescu-Roegen (1971, p.1) explains,
the founders of economics had the only aspiration of framing it within the
parameters of mechanics. In physics, mechanics knows only locomotion and this,
aside from being reversible, does not contemplate quality change, the contrary of
what occurs in nature, in which irreversible phenomena prevail. To admit that the
circular flow of income (Figure 1) is the only aspect that interests economic life
is equivalent to admitting that, in the economy, what is important is the fact that
money continually passes from hand to hand and undergoes no qualitative change
(other than the wearing away of the bills that represent it).
With this what we have is a process that has only a circulatory system and no
digestive tract. The adherence of economists to the mechanistic dogma constitutes a
mystery. It is curious to notice that a revolution occurred in physics at the moment
in which the basis for the foundation of the economic science was being laid. The
revolution consisted in the recognition that heat moves in only one direction, from
the hotter body to the colder, which exemplifies a condition of irreversibility. It is
in this framework that “the fundamentally nonmechanistic nature of the economic
process fully reveals itself” (ibid, p.3). For economic activity consists of producing
and consuming; in other words, transforming raw resources into artifacts and, later,
into trash, in an irreversible manner. This process requires energy – and energy
cannot be recycled – a topic pertaining to the sphere of thermodynamics, and not
of mechanics.
Economic Vision of the Environment
In conventional economics, the environment never appears – as an exam
of normally used textbooks suggests (case of Mankiw, 2004, the currently most
listed of them in the entire world). There are moments, however, in which
speaking of the environment is important in the model. An adjustment is then
estudos avançados 24 (68), 2010 57
made considering the environment as an appendix of economic activity, which
continues to be seen as the dominant whole; in this case, the ecosystem ends
up with the essence of a storehouse or dispensary (see Figure 2), and can even
been thought of as a bauble. This is the field of study known as environmental
economics; in my view it could be termed the economic vision of the environment.
Environmental economics is normally considered as a branch of microeconomics.
Its focus is to find correct prices for the optimum allocation of resources
(situations of maximum benefit, minimum cost). It is thus that it is taught and
practiced where the need is manifest. With a central motivation: to internalize
environmental costs so that prices reflect more fully opportunity costs.
Figure 2 - The environment as an appendix to economic activity (economic vision
of the environment).
It can be said that economic theory does not have an environmental
macroeconomics chapter (in opposition to what happens with microeconomics,
the true sense of environmental economics). The predominant vision of the
economic system as the big whole portrayed by the circular flow of wealth (Figure
1) imagines the economy as an isolated system. Thence the preoccupation with
the environment, its natural resources, pollution and depletion, is nonexistent.
An isolated system has no environment; it has no connections with anything that
might constrain it. To admit that the economy does not possess the nature of an
isolated system, without connections with the outside, is bound to bring a change
in perspective putting the macroeconomy as an open subsystem within the
naturally finite ecosystem (the environment). This means abandoning the isolated
circular flow of abstract exchange value, unrestricted by the balance of mass,
entropy and finitude. As Daly emphasizes (1991, p.35), “The physical exchanges
crossing the boundary between the total ecological system and the economic
subsystem constitute the subject matter of environmental macroeconomics.”
Including these physical exchanges in the economic model means that it becomes
decisive to determine what is the volume of exchange that can fit within the
context of the nature-economy relations.
How much can be extracted and how much can be returned to the
environment by means of the economic process? In other words, what is the
scale of the economy compatible with its ecological base? It is worth using
here the image of a boat, whose load – being optimally distributed within it
(solution of the microeconomic problem) – should respect the water (Plimsoll)
line. When the water level reaches this line, the boat is full; it has reached its safe
58 estudos avançados 24 (68), 2010
capacity load (optimal scale). Environmental economists, working with markets,
don’t elaborate the problem of the optimal load; what interests them is the
adequate accommodation of the boat’s cargo. Ecological economists – invoking
the principles of physics and ecology – consider that the size of the cargo is
fundamental. In the conception of a possible macroeconomics of the environment,
the carrying capacity therefore assumes a key role. It is it that is going to limit
the scope of sustainable development. It is it, too, that is going to lead us to
consider as unrealizable the proposal of perpetual growth, also called – in a totally
inappropriate way – “sustainable growth.” A growth without end, of this nature,
perfectly possible in the conventional economic vision and in the economic vision
of the environment, characterizes the priority of the Brazilian government in
2010, consolidated in the Growth Acceleration Program (PAC) of the government
of President Lula da Silva. And this is likewise the paradigm of world economic
evolution, from China to the United States, from Angola to India.
Ecological Vision of the Economy
Ecological economics has arisen because a hundred years of specialization
of scientific research has left the world incapable of understanding or conducting
interactions between human and environmental components of the planet. While
no one questions the insights that scientific specialization has brought, many of
us recognize that it has also turned into our Achilles heel. In an interconnected
evolutionary world, reductionist science has stretched the array of knowledge in
many and distinct directions, but deprived us of ideas about how to formulate and
resolve problems that crop up in the interactions between the human species and
the natural sphere. In what manner human behavior is articulated with changes in
hydrologic, nutrient and carbon cycles? What are the feedbacks between the social
and natural systems, and how can such feedbacks influence the services that we
receive from ecosystems? Ecological economics (EE ), as a field of study, attempts
to respond to questions of such an order.
The growing perception that the life-support ecological system is
increasingly threatened constitutes the starting point for the reflection that led to
ecological economics. There has been a constant confrontation between nature
and society, the environment and the economy, with uncertainties, drawbacks,
urgencies and new frontiers. Conflicts appear that challenge the tendency to the
purely monetary valuation (such as the “market’s,” for example) of situations
essential for human life. For EE a central theme is exactly the incommensurability
of values in face of the economic (Martínez Alier, 2007, p.23) .In effect, this was
a consensus of the workshop conducted at the Aspen Institute (Wye
Island, Maryland, US ), in May 24-26 1990 – in which I took part with 37
other persons and from which a collective book resulted (Costanza, 1991). This
foundational book classifies EE as “the science and management of sustainability.”
In the context of EE , it goes on to disagree as much with conventional
estudos avançados 24 (68), 2010 59
economics as with conventional ecology in terms of the range of problems that it
should address. In the same way, it should delve into the basis of understanding
of the environment-economy interactions. There can be no doubt, therefore, that
EE sees the human economy as part – or subsystem – of the greater whole that
is nature, and that it subordinates the economy in one way or another to nature.
Such is its paradigm, which Figure 3 attempts to portray.
The issue that is brought about in Figure 3 is the conception of the
economy as an open system within the ecosystem (the ecosystem is the whole;
the economy, a part. Matter and energy enter into the economic system, go
through a process – the throughput – and turn into waste or degraded matter
and energy. The significance of the throughput is equivalent to the metabolic
flow of a living organism. The organism assimilates external resources that come
from the environment and returns the waste that results from the metabolism,
after the useful part of the resources is made the most of it. Thus there is no
wealth creation in the economic process. There is, indeed, transformation of
matter and energy from low-entropy (resources) into high-entropy (waste)
matter and energy – as established by the inescapable laws of thermodynamics.
To the thermodynamic perspective of EE might be attributed the characteristic
of an ecological vision of the economy. According to it, the economic system
has a digestive tract, besides the circulatory system imagined by conventional
economics. This is also Georgescu-Roegen’s (1971) biophysical comprehension of
the economic process.
Figure 3 –The economy as an open system inside the ecosystem (ecological vision
of the economy).
The above vision is thermodynamic because, since any activity means
a transformation of energy – it is thus that human beings survive, as biology
teaches us (converting food, i.e chemical energy, into movement, that is,
mechanical energy) –, and thermodynamics is precisely the chapter of physics
60 estudos avançados 24 (68), 2010
that studies energy transformations. Its hard and implacable laws are to be
obeyed by the economy, since there is no alternative (Branco, 1999). Viewing
the economic process through such a lens, ecological economics implies a
fundamental change in the perception of problems of resources allocation and
how they should be dealt with, in the same way as a revision of the dynamics of
economic growth.
Emphasis in the market should only be reserved for the efficient
allocation of preexisting resources (which is what static microeconomics studies).
When dealing with the situation in which new resources are being mobilized
(economists of any stripe call this expanding the dimensions of the Edgeworth
box), a theme located within the scope of economic macrodynamics, the road
opens for unification on biophysical bases of ecological and economic systems as
interdependent and co-evolving forms – to Georgescu-Roegen (1971) the chief
task and challenge of EE .
Transdisciplinarity of Ecological Economics
By proposing a paradigm shift – or a change of pre-analytic vision, as
Joseph Schumpeter (apud Daly, 1996) might put it –, one is not defending
a new dogma. What must be recognized is the unquestionable evidence that
society (or the economy) cannot exist without an ecological system, but an
environment can exist without society (and economy). Conventional economics
deals only with the human species, forgetting all others, and conventional
ecology studies all species except for the human. Both cases reveal a narrowness
of perspective that prevents an integrated vision of the ecological-economic
problematic. EE emerges without disciplinary dependence, either on economics
or on ecology, resulting, on the contrary, in an attempt to integrate both.
Its worldview then would have to be transdisciplinary, with a focus on the
relations between ecosystems and economic systems in the broadest possible
sense. As Costanza et al. say (1991, p.3), “By transdisciplinary we mean that
ecological economics goes beyond our normal conceptions of scientific disciplines
and tries to integrate and synthesize many different disciplinary perspectives.”
It is imperious to state here that no discipline has intellectual precedence
over another in the matter of realizing sustainability. This applies to physics,
biology, ecology – and to economics. Fragmentation of disciplines is an academic
convention, while the problems that interest us are not found within the scope
of discipline A or B. The University has (one-dimensional) disciplines; the real
world has concrete (multidimensional) problems (as in the case of the socioenvironmental
ones).
Disciplinary boundaries are arbitrary academic constructs. The emergence
of EE is oriented toward treatment of this convention. The conclusion can be no
different: EE does not constitute a branch of economics (nor, it is clear, a branch
of ecology). It could be called ecological economics as well as eco-economics
estudos avançados 24 (68), 2010 61
or economic ecology just as well. José Eli da Veiga (2007) has proposed that,
in place of EE , one should talk of a socio-environmental economics. The fact
of having adopted the term “ecological economics,” which can easily lead to
confusion with the notion of environmental economics, is reason to no few
mistakes. For a better clarification of the question, one can imagine a scale which
runs from the ecological to the economic, as is done in Figure 4.
The disciplines of ecology and economics can be placed on opposite points
of the scale. The first cares only for the world of nature, excluding humans, while
the second considers exclusively human reality – as is also the rule in the case
of other social sciences –, considering the ecosystem as an externality. Closer
to ecology, a little to the center of the scale, ecological economcis appears. To
its right, nearing economics, environmental economics is located. There is no
normative sense in this configuration. Environmental economics applies the tools of
neoclassical economics to ecological problems. It looks at the environment, but its
aim is simply to internalize it within the economic calculus. In other words, to value
it in money terms: to provide prices with the property of reflecting hypothetical
values for the services and functions of nature. In the meantime, the purpose of EE
is to discover to what extent the use of nature can be made sustainable.
Figure 4 – Relations between the disciplines of ecology and economics.
Implications of the Integrated Vision of Ecological Economics
As an ecological economist, questioned about the primary task of the
economic science, I feel inclined to follow the current that emphasizes its role of
explaining human behavior conditioned by scarcity. Life is a continual succession
of choices that represent the confrontation of different valuations. This happens
because, in some way, resources – including, and above all, time – are scarce.
Therefore, the fulfillment of human ends is restricted by the scarcity of means. If
one end is preferred, this involves the sacrifice of others – a reality that underlies
the economist’s crucial concept of opportunity cost.
It is for no other reason that one of the best known definitions of economics
underlines the fact that economics “is the science which studies human behaviour
as a relationship between ends and scarce means which have alternative uses”
(Robbins, 1984, p.16).
In the conception of the founder of neoclassical economics, Alfred Marshall
(1961, p.xv), in turn, economic theory refers especially to human beings who
62 estudos avançados 24 (68), 2010
are impelled toward change and progress. His definition of economics, which
he equates to political economy, consists in emphasizing that it is dedicated to
examining “that part of individual and social action which is most closely connected
with the attainment and with the use of the material requisites of wellbeing.” (ibid,
p.1). This is an interpretation of economics as a discipline dealing with choices,
as in the analysis of consumer behavior within conditions of unlimited want and
finite resources. Implied in this view is the idea that to behave economically means
to make one’s activities and one’s organization “efficient,” rather than wasteful
(Knight, 1965, p.510). In other words, it means choosing the least costly course of
action, or the one whose benefits are maximized.
From the economic-ecological perspective an obvious implication is that
the economic system’s expansion gives rise to positive environmental opportunity
costs (the environment is scarce). If these costs up to a certain moment were so low
that they could be ignored, the fact is that more economy implies less environment.
It would be good if this were not so. It is here that we arrive at the conclusion that
the prevailing worldview, which gives unusual emphasis to economic growth as the
solution for everything, as an absolute priority in relation to other objectives, ends
by allowing that this priority assume the meaning of a faith, a fetish, an obsession,
a dogma. Without question, at the same time, there is room for confusion between
growth (an increase) and development (evolution, transformation or “promotion of
the art of life”).
The economic vision of the economy establishes that there are no
environmental opportunity costs for the macroeconomic process. At the same
time, some economists have even come to say, as in the example given by J. R.
McNeill (2000), that “the world, in effect, can continue its business without
natural resources.” In microeconomics, as known, the calculus (concept) of
optimality (maximum efficiency in the allocation of scarce resources) prevails. This
is the rule for stopping the expansion of scale (of the firm). In the meantime, in
macroeconomics the quest for unlimited growth prevails. Optimal growth (or when
growth should stop) has no appeal to it.
The perspective of EE is that there exists a maximum sustainable scale of the
economic system with respect to the ecosystem That scale is to be determined by
comparison of economic benefits with marginal environmental costs – as in the case
of the equilibrium of the firm. In driving the economy, in fact, the depreciation of
natural assets (natural capital) is real and cannot be ignored. That is to say, there
are ecological opportunity costs. Increasing economic production implies sacrifice
of resources, such as forests, soil, water, air, biodiversity, climate stability, and so on.
Having an idea about this problem raises the need for an ecological vision of the
economy.
In brief, this is a question of finding the optimal scale of the economic
macrosystem, allowing separation between (i) genuinely economic growth (when
the marginal benefits of the increase of the economy surpass the marginal
environmental costs of the process) and (ii) noneconomic growth (when, in
estudos avançados 24 (68), 2010 63
contrast, the marginal benefits of the increase in the economy become inferior
to the corresponding marginal costs). One supposes, of course, that, at some
point, marginal benefits and costs are equal. The EE cosmovision internalizes the
economic system in nature. This is in line with the warning of a distinguished
exponent of conventional economics (The Economist, in the column “Face Value,”
7.4.2009): “you cannot negotiate with nature.”
The problem is that economic priorities systematically trample considerations
of an ecological character. When prices are attached to natural resources – which is
the case for those that have a market such as petroleum –, such values constitute
invariably an underestimation. In traditional national accounting, zero value is
implicitly conferred on all resources of nature, giving them the condition of “free
goods.” But what values could be used in these calculations? It is difficult to say,
especially when there are things such as life in general or as a biological species
threatened with extinction, in particular, that certainly have an infinite value.
However, reality imposes a search for some form of valuation. For it is worse to see
the economic value, for example, of the standing Amazon Rainforest reduced to
zero, although the jungle constitutes, as is known, an irreplaceable source of a cast
of ecological benefits that range from regulation of the climate and water, from the
cycle of nutrients, waste treatment, recreation, non-timber products of the forest,
biodiversity conservation, etc., to the so-called option and existence benefits.
The danger of assigning monetary value to ecological goods and services,
in turn, is as much leading to the belief that they are worth what these calculations
show as making it thought that natural assets can be added to human-made assets
(both referred to the same money basis), making them substitutable. In the essence
of the concept, however, ecological sustainability must be seen as maintenance
of the physical stocks of natural capital, not of its corresponding money values
– a question that leads to what is called “strong sustainability”. It is here that
the necessity of an ecological vision of the economy arises, one that cannot be
confused with environmental economics. The economic analysis with a basis in
ecological knowledge has as one of its missions promoting the modeling of the
ecological bonds that determine the interfaces between natural and economic (or
“productive”) systems.
Ecological and Economic-Ecological Thinking
Summarizing: conventional economics excludes nature as foreign to the
economic process; environmental economics is concerned with giving price to
nature, with the tendency of seeing it as an amenity (an idea implicit in the vulgar
notion of “green”); and ecological economics attributes to nature the condition
of irreplaceable support for everything that society can do. The traditional
economic vision includes not only the thinking of the neoclassical economics
of Hayek, Milton Friedman, Robert Solow and their followers (in Brazil, an
ilustrious name is that of Mário Henrique Simonsen), as also the Keynesians,
64 estudos avançados 24 (68), 2010
Marxists, institutionalists, structuralists, monetarists, political economists: a truly
unique thinking.
Among the non-neoclassical Brazilian economists, Celso Furtado (1974)
outstands in not being part of this pattern of unique thought. As a matter of
fact, he attempted at giving emphasis to environmental factors in economic
development The same thing does not happen in the work of Luiz Carlos Bresser
Pereira, Maria da Conceição Tavares, Edmar Bacha or Affonso Celso Pastore,
for example. Chief representatives of environmental economics in the world are
Harold Hotelling, Partha Dasgupta, Anil Markandya, Joseph Stiglitz, Nicholas
Stern, David Pearce, R. Kerry Turner. In Brazil: Ronaldo Serôa da Motta,
Maurício Tolmasquin, Carlos Eduardo (Cadu) Young, Antônio Evaldo Comune,
Francisco Ramos.
As to ecological economics, citing its practitioners requires defining the
array of tendencies that show up as to perspectives of understanding this area
of investigation. In truth, EE is not to be defined as a science. What emerged at
the June 1990 meeting at Wye Island was the suggestion of considering it as a
“new transdisciplinary field of study” (Costanza et al., 1991, p.3) with a view of
covering spaces not approached by existing scientific disciplines. It would be an
“orchestration of sciences” (Martínez Alier, 2007, p.67), involving a diversity of
thinking among even environmentalists. Martínez Alier (2007, p.21) distinguishes
three main currents of environmentalism, with various common elements that
identify them, all of them, however, disqualified, ignored or deprecated by antiecologists
(those who see the environment as a “barrier to development”). One
environmentalist current is the one of the “cult of the wilderness,” of the sacred
value of nature, of deep ecology, of the biocentric attitude.
Another current could be called the “gospel of eco-efficiency:” an
environmentalism of results that is concerned with the effects of economic
growth. Finally, the third current is that of the “environmentalism of the poor,”
characterized by material interest in the “environmental resources and services for
human subsistence provided by the natural environment” (ibid, p.335). The line of
argument of the environmentalism of the poor proposes that the struggle between
the economy and ecology cannot be resolved by internalizing the externalities,
either by advancing ecological modernization or by eco-efficiency. It raises the
discussion of the “unequal incidence of environmental damages in face of not only
other species or future generations of humans but in our own epoch” (ibid, p.89).
Central for the ecologism of the poor is the theme of incommensurability of values.
In this particular, the task of EE is to study different processes of decision-making
in a context of “week comparability of values,” besides distributive conflicts and
“uncertainties without solution” (ibid, p.55).
In money valuations, the relevance of a service of nature to the market
is the factor that counts. However, services of nature have multiple meanings.
A mangrove, for example, besides its economic role, is important from the
standpoint of the landscape, of the survival of neighboring populations, of
estudos avançados 24 (68), 2010 65
culture, of the sacred. This leads to different values that require an integrated
vision of the physical, social, cultural and spiritual dimensions of the ecosystem.
It is as Martínez Alier (2007, p.355) underlines: “When colored people were
required to travel seated in the last row in vehicles in the United States, this could
not be compensated on the scale of human dignity by a cheaper ticket.”
The most important name of EE in the world today is that of
Herman Daly, who attempts to combine elements from the three currents of
environmentalism. He was a student of Georgescu-Roegen, and has elaborated
the thermodynamic vision of the economic process in new directions. Another
name of substance is that of Martínez Alier, who was president of ISEE (in
2006-2007). He belongs to the current of the environmentalism of the poor
(he has dedicated himself to the study of popular environmental movements
such as Chipko, in India, and the extractive reserves’ of Chico Mendes). Robert
Goodland, ecologist, is close to the cult of wilderness. Ann Mari Jansson,
economist, was connected to eco-efficiency, as also, in Brazil, are Peter May
(ex-president of the Brazilian Society for Ecological Economics, Eco-Eco,
and the ISEE ), Maurício Amazonas (ex-president of Eco-Eco) and Ademar
Romeiro (also ex-president of Eco-Eco). José Eli da Veiga is in a category that
combines eco-efficiency and ecologism of the poor. Osório Viana approaches it
close to the position of Martínez Alier. Charles Mueller identifies himself with
Georgescu-Roegen and Herman Daly. Armando Mendes tends more to a vision
of ecological humanism.
Classifications are always arbitrary. In the case of ecological economists, a
division of tendencies could be among those who defend a strong sustainability
(the case of Herman Daly) – the situation in which natural and man-made capital
are not substitutable – and those inclined to weak sustainability (the two types of
capital being perfect substitutes, as postulated by conventional economics). One
name belonging to this last line is that of the Swede Karl-Göran Mahler.
In general, however, ecological economics is grounded in the thinking of
Georgescu-Roegen (1971). According to him, the economic system consumes
nature (low-entropy matter and energy, which are the fundamental means
available to the world), inexorably furnishing waste (high-entropy matter and
energy) that is returned to the natural system (Figure 3). Simultaneously, it
provides a flow of pleasure or psychic well-being to the individuals who make
up society, thus justifying its existence. The production of economic goods and
services, without question, is nothing more than the opportunity for people to
achieve the material component of happiness. It is in this that the mission of the
economy, an organized system for converting low-entropy materials and energy
into waste matter and high-entropy heat energy, consists. The duty of humans
is to define how the economy will make life easier – the function of reason,
according to Whitehead (1985).
In this understanding, order in the economic system, its capacity for
producing useful things and offering us the means for our satisfaction, can only
66 estudos avançados 24 (68), 2010
be maintained by a constant flow of low-entropy matter-energy. In other words,
our ultimate source of well-being is a natural system where order prevails. The
totality of the authors of the founding book of EE (Costanza, 1991) are inclined
to follow this way of thinking, as well as new-generation ecological economists
like Joshua Farley and Amélia Rodrigues Enríquez (current president of Eco-
Eco). In the end, a common denominator of the practitioners of EE resides
in the defense of (ecologically, but also socially and economically) sustainable
development. At bottom, this implies qualifying something that does not need
adjectives. In truth, if development is not sustainable – which means that it is
unsustainable –, it will not be development. It will constitute a process destined
to failure, a lie (generally wrapped by the force of the growth credo). In essence,
ecological economists lean toward adoption of this last stance.
Note
1 A mong them: Charles Perrings (economist), Colin Clark (mathematician), Cutler
Cleveland (geographer), Enzo Tiezzi (chemist), Garrett Hardin (1915-2003, biologist),
Herman Daly (ecological economist), Joan Martínez Alier (ecological economist),
Kenneth Boulding (1910-1993, ecological economist), Mary Clark (biologist), Richard
Norgaard (natural resources economist), Robert Costanza (oceanographer), Silvio
Funtowicz (philosopher), Talbott Page (environmental economist), Tomasz Zylicz
(environmental economist). I was one of the participants, perhaps inadvertently invited
by the organizers.
Bibliographic References
BRAN CO, S. M. Ecossistêmica: uma abordagem integrada dos problemas do meio ambiente.
2.ed. São Paulo: Edgar Blücher, 1999.
COSTAN ZA, R. (ed.) Ecological economics: the science and management of sustainability.
New York: Columbia University Press, 1991.
COSTAN ZA, R. et al. Goals, agenda and policy recommendations for ecological economics.
In: COSTAN ZA, R. (ed.) Ecological economics: the science and management of sustainability.
New York: Columbia University Press, 1991. p.1-21.
DA LY, H. Elements of environmental macroeconomics. In: COSTAN ZA, R. (ed.) Ecological
economics: the science and management of sustainability. New York: Columbia University
Press, 1991. p.32-46.
_______. Beyond growth: the economics of sustainable development. Boston: Beacon Press,
1996.
DA LY, H.; FARLEY, J. Ecological economics: principles and applications. Washington, DC:
Island Press, 2004.
FURTADO , C. O mito do desenvolvimento econômico. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1974.
GEO RGES CU-ROE GEN , N. The entropy law and the economic process. Cambridge, Mass.,
EUA : Harvard University Press, 1971.
HUET ING, R. New scarcity and economic growth: more welfare through less production?
Amsterdam: North-Holland, 1980.
estudos avançados 24 (68), 2010 67
KNIGHT, F. Anthropology and economics. In: MELVILLE J. Economic anthropology: the
economic life of primitive peoples. New York: W. W. Norton, 1965. p.508-23.
MAN KIW, N. G. Principle of economics. Nashville: Southwestern, 2004.
MARSHALL, A. Principles of economics. 9.ed. London: Macmillan, 1961. v.I.
MARTÍNE Z ALIER, J. O ecologismo dos pobres: conflitos ambientais e linguagens de
valoração. Trad. Mauricio Waldman. São Paulo: Contexto, 2007.
MARTÍNE Z ALIER, J.; SCHLÜPMAN , K. La ecología y la economía. México: Fondo de
Cultura Económica, 1991.
MCNE ILL, J. R. Something new under the sun: an environmental history of the twentiethcentury
world. New York: W. W. Norton, 2000.
ROBBINS , L. An essay on the nature and significance of economic science. 3.ed. London:
Macmillan, 1984.
SA MUE LSON , P. Economics: an introductory analysis. 7.ed. New York: McGraw-Hill;
Tokyo: Kogakusha, 1967.
VE IGA, J. E. da. A emergência socioambiental. São Paulo: Senac, 2007.
WHITE HEAD , A. N. A função da razão. Trad. Fernando Dídimo. Brasília: Editora da UnB,
1985.
Abstract – The paper deals with nature-society relationships with a view to enlarging
the scope of available socio-environmental theories. It makes a review and critical
evaluation of traditional economic thought in front of the environmental dimension
of the economic process. It shows the effort to incorporate the environment into the
economic model and explores the perspective of the economy under environmental
restrictions. It introduces the notion of ecological economics and a cross-disciplinary
approach, examining some implications of its integrating view. It closes with an
appreciation of tendencies in economic-ecological thinking, suggesting some names that
represent them, with an emphasis on Nicholas Georgescu-Roegen.
Keywords: Economics, Environmental economics, Ecological economics,
Thermodynamics, Sustainable development.
Clóvis Cavalcanti, M.A. (Yale, 1965), is senior researcher at the Joaquim Nabuco
Foundation, adjunct professor at the Federal University of Pernambuco, editor of the
book The environment, sustainable development and public policies: building sustainability
in Brazil (Cheltenham, UK: Edward Elgar, 2000). @ – .
Received on 2.12.2010 and accepted on 2.24.2010.
Translated by Cary Wasserman and Valéria Wasserman. The original in Portuguese
is available at http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=0103-
401420100001&lng=pt&nrm=iso.