domingo, 22 de agosto de 2010

Artigo publicado DP, dom. 22 ago 2010

Propaganda eleitoral
Clóvis Cavalcanti // Economista ecológico e pesquisador social

São hoje compreensivelmente maiores os controles da legislação eleitoral. Uma disciplina tem sido implantada no país. Mas não se pode dizer que o período que antecede às eleições contribua para nos dar aparência mais civilizada. Andando pelas ruas do Recife e Olinda, por exemplo, cansa ver a enorme quantidade de cartazes com as mesmas caras, repetidas vezes, exibindo sorrisos escancarados. Na verdade, o problema não são os sorrisos, e sim o conjunto de coisas que apresenta os candidatos aos eleitores. Cabelos recém-saídos de cabeleireiro. Dentes perfeitos. Pele plastificada, removidos quaisquer sinais do rosto que façam a figura mostrada fugir do modelo. Em cada esquina de maior movimento, corredor de trânsito, praça, é uma multidão de cartazes sucedendo-se uns aos outros, de todos os partidos - os com cacife. Sem querer, condutores de veículos têm os olhos desviados para essa parafernália. Uma ameaça à segurança da população. Em países que aqui tanto se exaltam como sendo de Primeiro Mundo, isso simplesmente inexiste. A primeira vez que presenciei uma campanha eleitoral para presidente nos Estados Unidos foi em 1964, quando Lyndon Johnson venceu Barry Goldwater de goleada. Além da rapidez da contagem de votos (coisa que não aconteceu em 2000, na eleição roubada de George W. Bush), surpreendeu-me a limpeza da propaganda ali praticada.

Uma coisa que incomoda no nosso caso é a exibição de promessas mirabolantes, sobretudo quando se trata de políticos disputando reeleição para o executivo. Ou de candidatos escolhidos para dar continuidade a executivos impedidos de se reeleger. Fazem propostas como se não tivessem nada com o que aconteceu até o momento. Nesta semana, a Rede Globo apresentou os resultados de um levantamento de opinião (nada a ver com pesquisa científica rigorosa) que efetuou recentemente. A consulta foi realizada no país inteiro. É um retrato impressionista da realidade. Tem aí seu valor. Pois bem, para 41%dos entrevistados, o principal problema do país (numa lista de dez) está na saúde. Sabe-se muito bem que, com as exceções de praxe (o Imip, em Pernambuco, por exemplo), é deplorável a situação em que se encontra a população nesse aspecto. Com relação a ele, não se trata só do atendimento ruim às pessoas. Pesa o fato de que a população come mal, não havendo políticas que promovam a alimentação saudável. E isso é para ser contabilizado no débito dos atuais dirigentes da nação.

Nos EUA, neste momento, principalmente pela mobilização que a primeira dama, Michelle Obama, está fazendo, se inicia uma reação aos hábitos impróprios de comer no país. Está na hora de pensar algo semelhante aqui. Comida saudável é básico para vencer os desafios da saúde. A esse respeito, vale lembrar que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou o banimento no Brasil da substância Endossulfan, utilizada em agrotóxicos. A resolução que determina a retirada programada do Endossulfan do mercado brasileiro no prazo de três anos, foi publicada no dia 16.8 no Diário Oficial da União. Segundo a Anvisa, a medida é fundamentada em estudos toxicológicos que ligam o uso do agrotóxico a problemas reprodutivos e endócrinos em trabalhadores rurais e na população. Ora, para que isso acontecesse foi preciso uma batalha. Segundo a Anvisa, o agrotóxico foi colocado em exame em 2008, mas, por uma série de decisões judiciais, a reavaliação dele ficou impedida por quase um ano. Essa é uma realidade que assusta. Come-se mal no Brasil. Tomam-se refrigerantes em excesso. A saudável combinação de feijão e arroz tem desaparecido do cardápio, substituída por pratos cheios de condimentos industrializados. A quase totalidade destes, segundo a Proteste - respeitada associação de consumidores - faz mal à saúde. Ora, ninguém é responsável pelos danos? Enquanto isso, a campanha eleitoral se enche de promessas inviáveis.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Inauguração do Comitê do PV em Pernambuco. dom, 15 ago 2010


Propaganda do PV com material reciclado de garrafas pet

Olinda

Clóvis em conversa sobre o mito do desenvolvimento, no palanque móvel não poluente, movido a bicicleta

Sérgio Xavier, candidado a governador de Pernambuco pelo PV

Breves falas, candidatos do PV, incluindo René Patriota, candidata a Senadora pelo PV

Fundadores do PV em Pernambuco

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Dia dos Pais na Fazenda do Tao


A festa é dos netinhos

Clóvis e sua prole

Cacá o filho mais velho

Pepeu, o terceiro filho

Clóvis e suas caminha até a cachoeira

O neto Afonso e seu chute de esquerda
A dupla infalível, Afonso e Cauê
Tiê entra no jogo
Concentração no chute
Churrasco de costela de bode com rabanete e cachaça orgânica
Café da manhã com os filhos

domingo, 8 de agosto de 2010

Artigo publicado DP, dom. 8 ago 2010

OLINDA, RECIFE, NATAL

Clóvis Cavalcanti

Economista ecológico e pesquisador social


Gosto de passar dias em Natal. Foi o que aconteceu entre 26 e 30 de julho último. Permaneci na capital potiguar participando da 62ª Reunião Anual da SBPC. Dei lá um minicurso e proferi uma conferência (sobre meio ambiente e sociedade, temas que estudo). Aproveitei, claro, para desfrutar o que Natal tem a oferecer de simpático. A primeira coisa a ressaltar ali é a qualidade de vida. Sem dúvida, os natalenses gozam de melhores condições do que recifenses e olindenses. A cidade é limpa, organizada, o trânsito flui bem. Sua infra-estrutura não parece degradada e atende às necessidades atuais da aglomeração urbana. Pode-se argumentar que se trata de cidade pequena. Mas a população que lá vive é de 800 mil pessoas. Pouco? Andando na rua, uma coisa é certa. Não há buracos nem calçadas destruídas. Pelo menos, foi o que vi. O calçadão da orla de Ponta Negra é bonito, de pedras portuguesas, sem irregularidades. A própria arquitetura dos prédios à beira-mar compõe uma paisagem que mostra a mediocridade do que se faz em Pernambuco. Infelizmente, em Natal, por detrás do espaço mais próximo das praias, surgem espigões sem graça como os que tanto deformam a beleza do litoral pernambucano. Nesse particular, lembro-me de quando, adolescente (década de 50), chegava ao Recife, vindo do Rio de Janeiro, onde estudava, e meu pai fazia questão de que, saindo do aeroporto, passasse pela av. Boa Viagem, linda e sedutora (sem contar a qualidade ímpar do mar ali). Como se sabe, essa elegância sumiu.

De Olinda, nem vale a pena falar. Aqui, a coisa é mais triste. Cidade turística, ela? Não fosse o que lhe resta de beleza, graças a um patrimônio histórico e arquitetônico inigualável, a decadência que exibe em toda parte já teria afastado a maioria dos visitantes. Curioso é que, em Olinda, implantam-se obras para recuperar ou refazer certos locais e o que surge mais tarde é um desastre assustador. O privilegiado Alto da Sé passa por um processo desse naipe. Virou ferida aberta supurando. O largo de São Francisco, bem junto de onde moro, perdeu todo seu encanto e ficou ruim de passar, seja gente, seja carro. É patente o esforço dos que cuidam da cidade, de tornar tudo medíocre. Não deve ser ação deliberada. Acredito na boa-fé das pessoas. É incompetência mesmo! Ou então o que explicaria que calçamentos feitos há pouco tempo tenham que ser repostos logo a seguir? Esse é o caso da via que vai do Carmo pelo Fortim do Queijo para o Bairro Novo. Foi desfeita a que existia. Implantou-se uma nova, aberta em meados de 2009. Antes do fim do ano, o calçamento de paralelepípedos começou a se soltar prejudicando o trânsito das praias. Haja paciência! Obras repuseram as pedras que se soltaram e as que ameaçavam fazer o mesmo. Recentemente, vendo que a emenda não teve sucesso, foi jogado asfalto em cima do calçamento. Ora, o asfalto antigo, que – foi dito – não servia, tinha que ser removido para dar lugar a solução considerada mais sintonizada com o sítio histórico. Repô-lo como remendo é a solução da solução? Algo não anda bem no reino de Olinda.

É impressionante a quantidade de bons hotéis, sempre cheios, de Natal. Há 120, disseram-me, em Ponta Negra. É óbvio que um lugar bonito, com sol e mal – a receita do turismo de nível para o Nordeste –, vai atrair turistas que não vêm atrás do sexo comercializado de Boa Viagem. Por outro lado, come-se muito bem na capital do Rio G. Norte. Até um restaurante de comida no peso, como o Pinga Fogo (a que minha sobrinha Luciana Moura me levou na primeira vez), excede na qualidade. É o melhor estabelecimento desse tipo que conheço. Variedade, qualidade e sabor – tudo o que a pessoa busca quando não tem a boa comida de casa (a da minha, considero a melhor do mundo) para comer. Olinda dispõe só de alguns poucos bons restaurantes, como o Maison, de Jeff Colas. Quem vem para Olinda só quer passar pouquíssimas horas e sair o mais rápido possível. Em Natal, a pessoa fica dias – come e dorme. Aprendamos com ela.

62a. SBPC em Natal - 25 a 30 julho 2010


Curso ministrado por Clóvis sobre Economia Ecológica



Conferência de Clóvis sobre Economia Verde